Uma página inteira escrita por Pedro Mexia e publicada no P2 de sábado, dedicada a Os Meus Prémios de Thomas Bernhard.
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Uma página inteira escrita por Pedro Mexia e publicada no P2 de sábado, dedicada a Os Meus Prémios de Thomas Bernhard.
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A nota dominante é um sentido de humor que resulta, precisamente, da já citada arte do exagero. No primeiro texto, sobre o prémio Grillparzer da Academia de Ciências de Viena, o sorriso do leitor é solicitado desde a frase inicial, em que Bernhard afirma ter sentido necessidade de comprar um fato para a referida cerimónia, mas apenas duas horas antes do evento; recorrente ao longo do texto, esta referência permitirá um contraste fortemente irónico entre a suposta formalidade do evento e o desprezo com que o escritor afirma ter sido tratado, culminando com a troca do fato na loja onde o comprara, por considerar que ele estava, afinal, muito apertado.
João Paulo Sousa escreve sobre Os Meus Prémios, de Thomas Bernhard, no Da Literatura.
«O Pequeno Prémio Nacional é um chamado incentivo de talentos e já tantos o receberam que não é possível enumerá-los, entre eles estou eu agora, dizia eu, pois recebi o Pequeno Prémio Nacional de castigo. (…) Eu dizia, porém, ter jurado a mim próprio que com essa infâmia monstruosa havia de fazer qualquer coisa e que não pensava recusar essa infâmia monstruosa. Não estou disposto a recusar vinte e cinco mil xelins, dizia eu, eu sou ávido de dinheiro, não tenho carácter, eu próprio sou uma pessoa abjecta.»
De Os Meus Prémios, de Thomas Bernhard.
«Eu próprio não tinha até à essa data e durante muitos anos usado nenhum fato, pois tinha até então aparecido sempre de calças e pulôver, mesmo ao teatro ia sempre, quando ia, só de calças e pulôver, em especial com umas calças de lã cinzentas e pulôver cor de fogo de lã grossa de carneiro, que um americano bem-disposto me ofereceu logo a seguir à Guerra. Lembro-me de que com esse traje fui algumas vezes a Veneza ao famoso Teatro Fenice, (…) e estive com essas calças e esse pulôver em Roma, em Palermo, em Taormina e em Florença e em quase todas as restantes capitais da Europa, abstraindo ainda do facto de, em casa, eu usar quase sempre essas peças de vestuário, quanto mais surradas estavam as calças e o pulôver, mais eu gostava de as vestir, (…) eu usei essas peças de vestuário durante um quarto de século.»
De Os Meus Prémios, de Thomas Berhnard (Tradução de José A. Palma Caetano)
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