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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

Esta é a primeira página da ficha de Susan Sontag no FBI, que considerava «subversiva» a autora de Olhando o Sofrimento dos Outros. Tudo se deve à participação de Sontag na campanha contra a guerra do Vietname – o nome da escritora chamou a atenção de J. Edgar Hoover, o que é uma prova magnífica da sua intuição e inteligência, não há que negar. Os documentos foram agora divulgados num livro intitulado Writers Under Surveillance: The FBI Files, organizado por J Pat Brown, B.C.D. Lipton e Michael Morisy, publicado pela MIT Press.

Outras páginas de interesse:

 Susan Sontag na Quetzal: O Amante do Vulcão, A Doença como Metáfora, Ensaios sobre Fotografia, Ao Mesmo Tempo, Renascer, Olhando o Sofrimento dos Outros.

«O livro de Sontag não caminha no sentido de enunciar normas que, de uma vez por todas, nos garantam uma “boa” gestão da pluralidade de significações em que uma imagem pode estar envolvida – até porque há nela a consciência muito aguda de que vivemos sobre o efeito quotidiano, não poucas vezes pesadamente “moralizante”, do fluxo televisivo. Se há lição simples, mas essencial, que podemos condensar a partir das suas palavras é a da absoluta necessidade de pensar o contexto em que as imagens são conhecidas (ela evoca mesmo o modo como, no início das recentes guerras dos Balcãs, a “mesma fotografia de crianças mortas” serviu de propaganda a diferentes fações).»

 

João Lopes, Diário de Notícias

 

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Artigo de Joana Emídio Marques, no Observador, sobre Olhando o Sofrimento dos Outros, de Susan Sontag.

 

«É sobre esta atual (in)capacidade de olhar o sofrimento dos outros que a ensaísta norte-americana Susan Sontag (1933-2004) se debruça, naquele que foi o seu último livro, e que é agora reeditado pela Quetzal. Publicado originalmente em 2004, antes da morte da autora, Regarding the Pain of Others (Olhando o Sofrimento dos Outros, na tradução portuguesa) fecha um conjunto de obras dedicadas ao pensamento sobre as imagens e ao seu papel na cultura, na política, na existência individual. O seu ensaio Sobre a Fotografia, escrito em 1977, e também editado na Quetzal, é já um clássico sobre este tema.»

 

Goya-Guerra_(12).jpgLos desastres de la guerra, Francisco de Goya

 

«Em Olhando o Sofrimento dos Outros, o seu último livro, (que surge agora numa reedição portuguesa com algumas alterações), Susan Sontag virou-se decididamente para a análise da forma como todos nós, seres humanos, observamos e reagimos à representação da dor nos nossos semelhantes. As imagens de guerra, de massacres, de torturas que nos entram pela casa dentro, tanto em suporte fotográfico ou, cada vez mais, pela televisão, serão passíveis de desencadear um tão grande choque e repúdio que se torna impossível repetir tais horrores? A própria Sontag reconhece a ingenuidade desse desejo — “Quem acredita hoje que a guerra pode ser abolida? Ninguém, nem mesmo os pacifistas” (p. 13) —, uma vez que, nesta sociedade do espectáculo, estamos todos tão profundamente anestesiados (ou enfadados) que as cenas dramáticas, de tantas vezes reproduzidas, acabam por ser descartadas como “banais”. Sontag confirma que as imagens de guerra estão sujeitas tanto à interpretação como à manipulação e que, por isso, a noção de que esse imaginário poderá ter um efeito dissuasor é ilusório. Apesar de todo o horror que perpassa perante os nossos olhos, a violência é perene e nada se pode fazer contra essa evidência. (Sontag morreu antes de assistir às decapitações em directo, devidamente ensaiadas, levadas a cabo pelo ISIS mas refere o caso do jornalista Daniel Pearl, cuja execução no Paquistão, em Fevereiro de 2001, desencadeou (mais) um fenómeno mediático.)»

 

Helena Vasconcelos, Ípsilon

 

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«As palavras explicam mais do que mil imagens de um conflito, ou pelo menos tentam pensá-lo com a relativa distância, na certeza, porém, de que um simples clique vencerá sempre a melhor frase armada. «Quando há fotografias, uma guerra torna-se real», recorda-nos Susan Sontag, percorrendo esse território povoado por quem assiste à barbárie. Frisemos: «não há guerra sem fotografia», como observou o esteta bélico Ernst Jünger em 1930, insistindo na analogia entre a câmara e a arma, e aos disparos para que uma e outra estão vocacionadas.

Oito anos mais tarde, Virginia Woolf publicava Os Três Guinéus, reflexões incómodas sobre as origens da guerra. É por aí que começa Olhando o Sofrimento dos Outros, ou Regarding the Pain of Others, com o qual Susan Sontag retoma o tema da fotografia, depois de um ensaio dedicado ao mesmo assunto, datado de 1977. À semelhança desse volume, as 125 páginas daquele que foi o seu último livro, editado em 2003, um ano antes da sua morte, lançado agora em versão portuguesa, apresentam-se livres de imagens. Afinal, é tempo de analisar a saturação.»

 

Maria Ramos Silva, Sol

 

Regarding-Susan-Sontag-031-09-1_M.jpg

 

 

 

«Sábio e sombrio. No seu testemunho final, Sontag reconhece que existem realidade que nenhuma imagem pode transmitir»

Los Angeles Times Book Review

 

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Este foi o último livro de Susan Sontag a ser publicado antes da sua morte, em 2004. É considerado por muitos uma continuação ou uma adenda aos Ensaios Sobre Fotografia (também publicado pela Quetzal), apesar de os dois livros terem opiniões sobre fotografia radicalmente diferentes. Este longo ensaio dedica-se sobretudo à fotografia de guerra. Enquanto desmonta uma série de lugares-comuns no que concerne as imagens de dor, horror e atrocidade, Olhando o Sofrimento dos Outros se, por um lado, reafirma a importância das mesmas, por outro, mina a esperança de que estas consigam comunicar alguma coisa de substancial. Por um lado, a narrativa e o enquadramento conferem às imagens o grosso do seu significado; por outro, os que não passaram por essas experiências tremendas «não são capazes de compreender, não são capazes de imaginar» o que essas imagens representam.

 

Olhando o Sofrimento dos Outros chega às livrarias a 3 de julho.

Na Time Out desta semana, uma recensão sobre o consensual Ensaios sobre a Fotografia, de Susan Sontag, e outra sobre o polémico A Civilização do Espetáculo.

 

“Os ensaios contidos neste volume revelam uma pensadora polifacetada e arguta, que transpõe para a esfera da fotografia a mais-valia do seu domínio das técnicas da escrita e da análise. Sontag não se limita a uma abordagem descritiva ou interpretativa: cria um arco que inclui componentes técnicas, artísticas (que várias vezes questiona) e filosóficas – um embrião de filosofia da imagem e da fotografia.”

Hugo Pinto Santos

 

 

“Querer disparar sobre tantos (e tão fugidios) alvos em apenas 220 páginas leva a que MVL se fique por generalidades e proclamações assertivas e ruidosas mas inócuas. O carácter indisciplinado e errático do livro é agravado por digressões e reminiscências pessoais despropositadas e pela reciclagem de artigos publicados na imprensa sobre temas tão diversos e alheios à temática do livro como a pintura erótica de Picasso e o véu islâmico nas escolas francesas.”

José Carlos Fernandes

 

"A humanidade permanece irremediavelmente presa na Caverna de Platão, continuando a deleitar-se, como é seu velho hábito, com meras imagens da verdade. Mas ser-se educado por fotografias não é o mesmo que ser-se educado por outras imagens mais antigas e mais artesanais. Na realidade, a quantidade de imagens que nos rodeia e exige a nossa atenção é agora muito maior. O inventário teve o seu início em 1839 e desde então tudo, ou quase tudo, parece ter sido fotografado. Esta insaciabilidade do olhar fotográfico altera os termos da reclusão na caverna, o nosso mundo. Ao ensinar-nos um novo código visual, as fotografias transformam e ampliam as nossas noções do que vale a pena olhar e do que pode ser observado. São uma gramática e, mais importante ainda, uma ética da visão. Por fim, o resultado mais significativo da atividade fotográfica é dar-nos a sensação de que a nossa cabeça pode conter o mundo todo - como uma antologia de imagens."

 

 

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