«Escrito em forma de diário – assim definido pelo autor nas primeiras linhas da narrativa: “uma espécie de egoísmo, uma fraqueza e uma prova de mau gosto” -, “Na Corda Bamba” tem como epicentro a vida de Joseph, um jovem desempregado que sente na pele a frustração de quem desespera com a chamada para a guerra e deambula quotidianamente por uma Chicago expectante com o presente e o futuro próximo.
Pensada na primeira pessoa, esta deambulação confessional e filosófica, compreendida entre 15 de dezembro de 1942 e 9 de abril de 1943, escalpeliza as reflexões de Joseph e demonstra claramente o talento de Bellow que utiliza cada palavra, frase e ideia como uma parte de um todo concepcional, como um peça específica de um puzzle construído e pensado dentro de uma linha de pensamento específico.
O resultado é um intrincado texto filosófico, enleado em agradáveis surpresas em forma de elogio à própria literatura. Por vezes alicerçado em curtos diálogos (em especial com uma entidade apelidado de “Espírito das Alternativas”), “Na Corda Bamba” serve-se dessa “simples“ matemática narrativa para levar o leitor a meditar, a pensar sobre uma sociedade que, apesar de presa no calendário há mais de sete décadas, continua muito actual, cínica e mordaz.»
Carlos Eugénio Augusto, Deus Me Livro