Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«Ana de Amsterdam (o título vem de uma canção de Chico Buarque) é sem dúvida um dos melhores blogues portugueses. Um diário íntimo honesto, ousado, impiedoso, excepcionalmente bem escrito. E que dialoga com aquela figura, em geral pouco estimada, da mulher que assume as suas frustrações, na linha de Irene Lisboa, Maria Judite Carvalho ou Maria Ondina Braga. […] Quase uma década de textos muitíssimo literários na maturidade narrativa e na eloquência descritiva, mas totalmente hostis à literatura enquanto modalidade de bons sentimentos. Porque esta Ana, como a da canção, é a Ana dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, do cabo, do raso, do rabo, dos ratos.»

 

Pedro Mexia, Expresso

 

frenteK_ana_amsterdam.jpg

 

A recensão de Pedro Mexia, no Expresso, ao romance Reprodução, do escritor brasileiro Bernardo Carvalho.

 

«O romance baseia-se numa sequência de interrogatórios policiais, dos quais só ouvimos as respostas dos suspeitos, e que por isso parecem monólogos exasperados e paranóicos. As declarações, hesitações e interjeições permitem-nos depreender o que está a ser perguntado ou sugerido, mas não eliminam os hiatos, as ambiguidades, as versões diferentes e as pistas enganadoras. Bernardo Carvalho demonstra uma consciência aguda do mal no mundo contemporâneo, mesmo quando é um mal trivializado. Tal como em romances anteriores, as questões ligadas à viagem, à globalização e ao etnocentrismo são determinantes, bem como a violência, nas suas diversas manifestações.»

frenteK_Reproducao.jpg

 

«Uma praia é uma mitologia. Pouco importa se gostamos mais ou menos de praia, e não importa onde fazemos praia. Esse verbo, “fazer”, diz tudo, a praia é uma actividade, faz-se, mesmo quando não fazemos nada o tempo todo. Porque a praia não é apenas uma estância, uma experiência, uma temporada, é também uma memória que nos define. Parafraseando Camões: segundo a praia que tiverdes, tereis um entendimento. […]

 

Talvez alguém encontre uma dessas suas praias num livro de Ramalho Ortigão chamado “As Praias de Portugal: Guia do Banhista e do Viajante” (Quetzal). Estávamos em 1876, era outro país, outros hábitos, de tal modo que neste voluminho nem aparece o Algarve, que mais tarde seria quase sinónimo da praia portuguesa. Também não faria parte do meu guia pessoal, não por causa do Algarve, que está de todo inocente, mas do meu Algarve, uma mitologia de experiências desgostosas, decepcionantes e desconfortáveis, que prefiro esquecer, mas que nunca esqueço.»

 

Pedro Mexia, Expresso

 

«Foi, até ao fim, um homem tolerante e cosmopolita, renascentista na amplitude de interesses, fiel à identidade europeia e à memória cultural, incansável de produtividade, descomplexado numa heterossexualidade efusiva e galante, e finalmente estóico na luta contra o cancro, que enfrentou sem catastrofismos nem sentimentalismos. Vasco Graça Moura, por convicção e contradição, era pouco pessoano: ao mundo tristonho e ensimesmado de Pessoa preferiu Camões, poeta do veemente desejo quieto e vergonhoso e do inevitável desconcerto do mundo. Um desejo e um desconcerto que o Vasco toda a vida glosou, em poemas que ficarão enquanto houver ainda esta língua portuguesa.»

 

Excerto da crónica de Pedro Mexia no Expresso

 

 

«Compreende-se que Bruno Vieira Amaral (n. 1978), crítico, tradutor, bloguista, ligado ao mundo da edição, se tenha estreado em livro com ensaios breves sobre as personagens da ficção portuguesa. Porque o seu primeiro romance é acima de tudo um inventário de personagens, personagens no sentido masculino e feminino do termo, que têm “espessura” ou “densidade” mesmo quando existem apenas em capítulos curtos e depois se eclipsam. São personagens “secundárias”, secundárias também na vida, e têm vidas miseráveis, desperdiçadas, vidas vencidas. Apesar disso, não se espere deste romance sentimento fácil, indignação fugaz, paternalismo, demagogia ou poesia duvidosa: Amaral não dá um passo em falso durante trezentas páginas, o pathos é sentido, a prosa é imaculada sem ser exibicionista, a verdade magoa.»

 

Pedro Mexia, Expresso

 

 

 

 

 

 

Excerto da crítica de Pedro Mexia, publicada no Expresso, ao livro de Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas:

 

"O escritor confessa com frequência saudades de casa, mas também diz que desejava viver uma vida diferente, uma vida nua, como a daqueles açorianos livres e orgulhosos. Quando escreve sobre a Madeira, elogia uma terra fértil, romântica, voluptuosa e feliz, mas também a considera terrivelmente turística, engalanada para inglês ver. Brandão prefere a melancolia aguda dos Açores, uma paisagem visível que traduz uma inquietação interior.

 

«As Ilhas Desconhecidas» é um magnífico livro de viagens, mas é muito mais que isso: faz da geografia das ilhas portuguesas uma geografia metafísica, tremenda e maravilhosa. Um reino deste mundo e de outros mundos."

 

«Pitta lembra com especial cuidado alguns autores exilados, esquecidos porque "desaparecidos", como é o caso de Alberto Lacerda e sobretudo Rui Knopfli, poeta realista, culto, empático e tristemente irónico, que o crítico tem tentado resgatar de um escandaloso olvido.»

 

No Ípsilon de hoje, o texto que Pedro Mexia leu na apresentação de Aula de Poesia, na passada quarta-feira.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D