«Pedro Vieira aposta num retrato abrangente de um país refém de medos, incapaz de se libertar do fantasma de um ditador, um “país pobre com uma boa rede de fibra óptica”, “cheio de gente em desespero mas sem vontade de partir a loiça, de partir a fibra, no lugar da primavera dos árabes o outono dos orgulhosamente sós”. É uma escrita crítica, cheia de uma ironia ácida, onde cada palavra encontra o seu lugar num intrincado jogo de sentidos que os leitores que já tinham lido Vieira no seu romance de estreia, Última Paragem, Massamá — sobre a vida num subúrbio da linha de Sintra —, não estranham. O olhar do escritor sobre o seu tempo e o seu lugar é inconformado e sustenta-se numa observação detalhada de costumes, na atenção à linguagem e à circunstância que determina cada existência mais ou menos ficcionada, mas sempre colada a um real que é o que sobretudo lhe interessa captar.»
Isabel Lucas, Ípsilon