«O Circo Invisível é um romance iniciático. Ainda se lembra do que queria explorar quando o escreveu?
Em O Circo Invisível estava interessada no impacto que os meios de comunicação de massas tiveram sobre a contracultura e sobre o desejo pela transcendência. E como isso influenciou os americanos nesse período. O interesse nos media, na cultura da imagem e nos seus efeitos nas nossas vidas está sempre presente no meu trabalho. E estão lá outros temas. Sempre me fascinou o modo como as pessoas imaginam uma versão ideal delas próprias e arranjam outra pessoa onde possam representar essa imagem. E sempre me interessei pela nostalgia, sobretudo pela nostalgia pelo que não vivemos. Interessam-me os anos 60, que não vivi por ser demasiado nova, e o impacto que tiveram na cultura americana. É neste meu primeiro livro que está a origem de muitas coisas que continuei a explorar.
Ainda tem orgulho nele?
Não o leio há muito, não sei o que pensaria dele hoje. Mas penso que me sentiria orgulhosa, embora não o fosse escrever agora. Sou perfeccionista, trabalhei nele muitos anos. Durante dois anos escrevi uma primeira tentativa desastrosa, depois esta levou-me três anos. Confio nos padrões elevados do meu eu da altura. Era o melhor que podia fazer.»
Excerto da entrevista que Jennifer Egan concedeu a Rita Silva Freire, do jornal Sol.