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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

“Assim surgiu o Transa Atlântica, que já chegou à segunda edição. Há um post no seu blogue no qual afirma que o livro a salvou. Foi terapêutico?

 

Foi. Eu escrevo para entender o meu mundo. É uma escrita muito autobiográfica. Enquanto se está a escrever, está-se a tentar entender. Foi dessa forma que consegui compreender aquilo por que tinha passado. Uma mulher de 40 anos já passou por muito…”

 

Entrevista de Mónica Marques na edição deste mês da revista Elle.

 

 

«Aos oito anos tive uma tartaruga chamada Platão que ia comigo para todo o lado, nas férias que fiz com o meu tio Leopoldo, no Estoril, antes de descermos até Montemor para ir ver as touradas que ele adorava e, por isso, passou quinze dias maravilhosos aqui na casa de banho de um quarto do Hotel Palácio, dentro do bidé cheio de água.»

As senhoras da limpeza entravam e perguntavam: «Então como vai o Platão hoje, menino João?»

 

De Para Interromper o Amor, de Mónica Marques, apresentado hoje, Bertrand do Chiado por Pedro Mexia, às 18h30.

 

Na fotografia, Platão, a tartaruga-tigre-de-água com mais milhas acumuladas e assídua frequentadora de quartos de hotel.

«Estou a lembrar-me disto e voltam os vómitos e dói-me o estomâgo. Deve ser isto que os críticos chamam escrita visceral, roupa suja, remorsos, perdões mal perdoados, carros mal estacionados diante de restaurantes caros, memórias que não deviam voltar, vergonhas confessadas de passagem, lembranças que regressam acompanhadas de mesquinhez e dor física. Eu estava imune à dor física. Só podia estar imune à dor física para aguentar o impacto daquele reencontro. Mas a verdade é que se eu entendesse alguma coisa do que o que os críticos dizem nunca teria escrito um livro.»

 

De Para Interromper o Amor, de Mónica Marques, apresentado hoje na Bertrand do Chiado, às 18h30, por Pedro Mexia.

 

Uma mulher, outra mulher - e um homem. Duas mulheres que se amam e se emvolvem numa história de sexo, amizade e interditos. E uma delas que recorda, entre Portugal e o Brasil, a história desse romance e o encantamento enamorado entre mulheres que atravessam essa espécie de terra de ninguém, que é «a entrada na idade madura». Uma é filha de um português que procurou exílio no Brasil depois de 1974; a outra, filha de um dirigente comunista - mas a paixão que as une é comovente e devastadora, cheia de segredos, drogas, rock'n'roll, livros, Lisboa e Rio de Janeiro, e de um perfume de beleza que raramente tem lugar na nossa literatura.

Para Interromper o Amor, de Mónica Marques

série língua comum

Mónica Marques e Afonso Cruz aceitaram a proposta do Festival Silêncio!: escolher um par de texto e imagem e apresentá-lo em 15 minutos. Isto no MusicBox, no dia 24 de Junho, a partir das 0h15. A estes autores da Quetzal, juntam-se JacintoLucas Pires e Fernando Ribeiro.

 

Diz-se no programa: «É difícil prever o que farão os quatro, tão díspares. Sabes o que cada um entende por ilustração faz parte do jogo: quantos verão no espelho da escrita um negativo da imagem, que negativo, quantas sublevações literárias estão e curso quanta prole quantas rasteiras, quantas explosões? Dificilmente será uma caravana. E apostamos, sem estorvo, em quatro aparições. Ainda assim, não vamos tão longe que antecipemos  o número de cotovias que podem abrir o Atlântico ao antídoto de uma diáspora blasée, ou quantras transas conduzem as carnes divinas ao pecado.»

 

«Então, e felizmente, chegou o Carnaval para pôr fim à seca sexual a que o meu casamento estava submetido. Foi quando Aninha, de Brasília, actriz, bonitinha, vintes e tais, leitora de Bukowski, levemente alcoolizada, se sentou à nossa mesa no Jobi e a questão se resolveu por si, já que ela se convidou para a nossa cama naquela madrugada de domingo de Carnaval. Tudo se resume ao tempo e, neste caso, também à distância. O tempo e a distância juntos trabalham bem. Fosse outro o tempo e o convite da lolita nunca seria aceite. Estivéssemos acima da linha do Equador (ah, o céu de Lisboa), o convite não seria feito. Não existe pecado do lado de baixo do Equador, muito menos se o número de chopes que o garçom anotava nas bases dos copos chegava aos vinte e oito. E se Aninha não era nenhuma beleza, era daquela cidade saída da cabeça do Niemeyer e tinha as curvas extraterrestres do mestre, e estava no Rio, em casa de amigos — que nunca chegaríamos a conhecer —, tomando todas no Carnaval Carioca. Aninha tinha uma tatuagem, calçava umas botas de cano baixo e vestia uns trapinhos pretos. Pareceu-nos sexy.»

 

 

Excerto de Transa Atlântica, de Mónica Marques. Mónica Marques publicará um novo livro ainda este ano.


«(..) [Francisco José] Viegas guarda ainda espaço para Mónica Marques e a sua Transa Atlântica, com uma cena de ménage à trois que é de uma elegância festiva, feliz e deliciosa. Eduarto Pitta vai ainda mais longe no elogio. Para o crítico, a melhor cena de conteúdo sexual da literatura de lingua portuguesa é... "Todas as de 'Transa Atlântica'. Overdose absoluta, sem metáfora.»

 

No Ípsilon de hoje, um trabalho de Luis Francisco com ilustrações de Nuno Saraiva.

 

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