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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

Será que um crítico é basicamente um leitor muito bom?

 

James Wood: Penso que sim. Há na crítica literária um amadorismo agradável apesar de agora constar dos programas universitários. Um professor de literatura numa universidade de renome não é necessariamente alguém mais atento do que um leitor normal. A vantagem, claro, é que o leitor profissional tem uma erudição mais vasta. Mas enquanto crítico pouco mais se pode fazer do que treinar a atenção e ler bastante para que se possam fazer leituras comparadas.

 

James-Wood.jpg Foto: Stephanie Mitchell

 

Leia no site Electric Literature, a entrevista completa de James Wood, autor de A Mecânica da Ficção e A Herança Perdida, ambos publicados pela Quetzal.

Excerto da entrevista, publicada a semana passada no Expresso, que Pedro Mexia fez a James Wood, crítico literário de quem a Quetzal já publicou A Mecânica da Ficção e A Herança Perdida.

 

«É atualmente o crítico literário mais conhecido da sua geração. Acha que isso tem a ver com o facto de não escrever apenas recensões mas ensaios com um certo cunho pessoal? É por isso que chega até aos leitores que normalmente não leem crítica literária?

 

Espero que isso seja verdade. Quando eu era adolescente, lia crítica literária por prazer, o que faz de mim um indivíduo muito estranho. Sentava-me na cama à noite e lia ensaios. Em Inglaterra há uma longa tradição de crítica literária de poetas e romancistas que remonta ao século XVIII. Gostava especialmente de Thomas de Quincey, que escreveu sobre o vício do ópio e os poetas românticos. E gostava muitos dos ensaios de Virginia Woolf, de onde retirei a ideia de que a maneira certa de escrever sobre livros é escrever através deles. Tenta-se nadar na mesma água onde o livro nada. E às vezes isso significa quase adotar alguma da sua linguagem, algum do seu poder metafórico. Estar numa espécie de proximidade ou – por mais tolo que isso pareça – numa competição com o livro que se está a criticar.»

 

 

 

“Para Wood, os grandes escritores são aqueles – como Tchéckhov, Gógol, Jane Austen, Melville, Thomas Mann – que melhor souberam explorar essa tensão entre os dois sistemas e aceitar as contradições e intermitência s de qualquer fé. Da mesma maneira, as maiores dores de aversão crítica são reservadas para as ficções (quase todas contemporâneas) que criam realidades autónomas sem o devido cuidado de calibrar a sua plausibilidade. Ao investir contra as várias deturpações do realismo – do «mágico» ao «histérico» – o crítico inglês está no fundo a denunciar os escritores que desvalorizam o «real», exigindo ao leitor um ripo de crença demasiado próximo da religião.”

 

Crítica de Rogério Casanova, que traduziu A Mecânica da Ficção, na revista Ler deste mês

 

“Ler os textos de A Herança Perdida é um constante desafio, por vezes chocante, por implicar o desmoronar de algumas ideias feitas e o ressurgir de outras mais perturbadoras e iconoclastas. Wood obriga-nos a pensar a crítica como algo mutável, mais livre do ferrete das ideologias, e a alterar a forma como olhamos os textos literários, se formos suficientemente audazes e imaginativos.”

Helena Vasconcelos, Público

 

“James Wood começou por destacar-se pela ética das suas críticas, inatacáveis no contacto profundo com cada obra, no uso da citação, no apelo a que só a literatura em si mesma nos ensina a lê-la. Todavia, Wood rapidamente chamou a si uma cruzada pela ‘grande literatura’, identificada a partir da sua definição de realismo, isto é, colando-a ao seu próprio projecto crítico e estético.”

Filipa Melo, Sol

 

A Revista Ler está nas bancas desde sexta-feira. Encontre os livros da Quetzal nos textos de Filipa Melo sobre James Wood  «Como se pode atirar a pequena traineira do comentário às altas ondas da ficção? No caso de Wood, tanto pelo elogio como pelo exame agudo, usando metáforas ou hipérboles, mas sendo sempre meticuloso na leitura e análise dos textos e pródigo nas citações e erudição literário»; na coluna dos Booktailors, assinada por Paulo Ferreira, dedicada à onda anti-bolaño; no texto de Rui Bebiano sobre Um Jantar a Mais, de Ismaïl Kadaré e de Bruno Vieira Amaral. sobre Zeitoun, onde diz que «a matéria-prima é excelente, mas é a mestria narrativa que faz de Zeitoun uma obra extraordinária».

«No meio da cacofonia mediática nem sempre é fácil perceber que a maior parte das criaturas que se pavoneiam como aves-do-paraíso não passam de frangos de aviário trasvestidos de Carmen Miranda, mas o livro de James Wood dá uma ajuda a afastar as plumas falsas.»

 

José Carlos Fernandes sobre A Mecânica da Ficção, de James Wood, na Time Out Lisboa desta semana.

 

Hoje, no Ípsilon, um artigo de José Riço Direitinho sobre James Wood, a propósito de A Mecânica da Ficção.

 

«Nos seus textos, Wood coloca ao leitor perguntas teóricas, mas apresenta respostas práticas. Questões como "o que é uma metáfora bem sucedida", "o que é uma personagem", como é que o escritor faz para lhe soprar a "vida" (assemelhado-se nisso a Deus) ou porque é que a ficção nos consegue comover são respondidas com múltiplos exemplos práticos que o crítico vai buscar ao seu imenso manancial de leituras, que vai desde os clássicos gregos e da Bílblia até Saramago ou os mais recentes David Foster Wallace e Philip Roth.»

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