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Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.
Amanhã nas livrarias: a história de uma relação tão apaixonada quanto perigosa.
Um romance sensual, sadomasoquista.
Mari trabalha no Hotel Íris, um pequeno hotel à beira-mar, modesto, mas quase sempre com a lotação completa. A sua mãe é proprietária, Mari toma conta da recepção todas as noites. E, como em todas as noites, a tranquilidade e o silêncio reinam no edifício. De repente, ouvem-se gritos, insultos, proferidos por uma mulher que sai agora do quarto de um dos seus hóspedes mais discretos. Mari fica impressionada com a cena e, ao mesmo tempo, com a elegância desse homem mais velho acusado dos piores desvios. Alguns dias mais tarde cruzar-se-á com ele na rua e começará a segui-lo. O homem que inicialmente a intrigou, tornar-se-á uma obsessão e objecto do seu desejo.
Hotel Íris, de Yoko Ogawa | serpente emplumada
A voz do homem seguiu a direito dele até mim. A algazarra abrandara. Era uma voz profunda e grossa. Não continha irritação nem cólera. Tinha mesmo um tom reflectido. Era a mesma impressão que dão o violoncelo ou a trompa quando intervêm na orquestra para uma nota prolongada.
- Não é a solidão que me entristece. Já me deixei de tristezas há muito tempo. Não é isso, é mais a sensação de que também eu vou desaparecer sem ruído, aspirado por uma fissura da atmosfera. A uma velocidade estonteante, à qual ninguém se conseguiria opor. Se formos para lá arrastados, é impossível voltar atrás. Sei isso muito bem.
- Será isso morrer?
- Não, não é isso. Todos nós morremos. Estou a falar de uma coisa muito mais específica. Sou arrastado para essa fissura invisivel como se fosse o único a ser castigado.
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