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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«Ainda mal chegava à bancada da cozinha, mas isso não o impediu de cozinhar o seu primeiro prato, sob o olhar atento da avó Palmira: arroz de tomate com chouriço. Tinha quatro anos. Francisco José Viegas foi o primeiro homem da família a frequentar aquela divisão da casa onde, por tradição, os elementos do sexo masculino só se aproximavam para perguntar o que ia ser a comida e a que horas seria servida. Desde então, trabalhou num restaurante para pagar a faculdade, escreveu sobre comida em publicações como a Visão, a Grande Reportagem ou a revista NS, deu, e ainda dá, inúmeros jantares em casa para os amigos e assistiu à enorme transformação do ato de comer — “Hoje há uma obsessão com a comida“, admite. Mas não é por isso que sabemos comer e cozinhar melhor. A pensar nisso, o ex-secretário de Estado da Cultura reúne no livro A Dieta Ideal 71 receitas da chamada “comida confortável”, que nos remetem para a comida tradicional portuguesa, que gostamos de fazer em casa e que satisfazem o apetite.»

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Uma entrevista de Sara Otto Coelho, com fotografias de Hugo Amaral, no Observador.


No Instituto Franco-Português, José Mário Silva e François Vallejo, conversam, dia 25 de Junho, a partir das 21h00. Mas há mais pessoas da Quetzal nas Conversas do Silêncio: Francisco José Viegas encontra-se com Alberto Manguel, dia 23 de Junho. E José Luís Peixoto, junta-se a Kalaf para falar certamente sobre música e palavra com Saul Williams, no dia 24 de Junho. Sempre no mesmo sítio e à mesma hora.

 

Pura e simplesmente, vi o livro numa livraria, comprei-o e fiquei preso à sua história desde as primeiras páginas. Desde a primeira página, aliás: passado no México (naquele México dos filmes policiais, negros, obsessivos, onde os personagens transpiram, matam, amam, morrem e ferem duramente), cheio de fumo, de tequila, de guerras entre narcotraficantes e polícias honestos, Balas de Prata é um romance puro, ou seja, é uma história que dá gozo ler. Só depois de o ler corri a comprar os seus direitos para Portugal – porque acho que os bons livros devem fazer parte da nossa vida.

 


Estão aí os policiais vindos do frio e do norte da Europa, mas escolho dois vindos do Sul: um de Portugal, L. Ville, de Fernando Sobral; outro do México, Balas de Prata, de Élmer Mendoza. A sensação que tive ao ler L. Ville foi a de que não conhecia Lisboa; não conheço. A cidade transfigura-se com as memórias do detective de Sobral (Manuel da Rosa), um último romântico corrompido pelas memórias de Macau e de Lagos, na Nigéria, onde a vida vale pouco. Em Lisboa também vale cada vez menos; Sobral fala das sombras (há uma evocação clara da estatueta de jade, que pode ser de Dashiell Hammett), das ruas onde se pode comprar uma Kalashnikov, de um rosto oriental que atravessa a história de uma investigação a que a vida não empresta sentido nenhum.


E Élmer Mendoza. Mendoza é o talento puro para contar histórias; a narrativa é desordenada, cruzada, marcada pelo calor de México DF. Balas de Prata fala da cidade onde os mortos se acumulam (como em Bolaño, de certo modo), da sua inclinação por Cris, do narcotráfico e da rádio nocturna que se ouve nos carros sujos que atravessam Av. Insurgentes e avariam com o excesso de maus tratos. Ele é um investigador triste e solitário à maneira dos grandes mitos da literatura policial americana, dividido entre o seu desamor e as idas ao analista, entre as pequenas refeições nas roulottes da estrada de Cuernavaca e os personagens abandonados antes da morte.

 

Balas de Prata, de Élmer Mendoza, com tradução de Salvato Teles de Menezes, sai para as livrarias na próxima sexta-feira. Mendoza foi a principal fonte para Arturo Pérez-Reverte poder escrever A Rainha do Sul.

 

Republicação de um post de Francisco José Viegas que está de regresso ao Origem das Espécies.

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