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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«Ernestina é a biografia de milhares e milhares de família portuguesas. Um livro eterno, mas nunca lamechas. Um livro duro, mas que nunca corta a esperança. Um livro simples e obrigatório.» Henrique Monteiro, que falou assim de Ernestina, o romance autobiográfico de Rentes de Carvalho, publicado em Outubro do ano passado pela Quetzal, já começou a ler o Tempo Contado. Esperamos por mais relatos ou pelas considerações finais.  

 

 

«Deus criou o mundo em Vila Nova de Gaia, numa tarde quente de Maio em 1930. E eu, quando uns quatro anos depois comecei a observar a Sua criação, não o fiz como seria de esperar, apenas com os olhos que Ele me tinha dado à nascença, mas quase exclusivamente através dum binóculo.

 

Esse irrestível e constante desejo de querer ver tudo de mais perto foi causa de grandes desesperos familiares, gritarias e alguns tabefes. Minha mãe era obrigada a puxar às mãos ambas para me desgrudar da janela, onde eu, horas imóvel a a gozar a agitação do rio e do Porto, corria o risco de ficar raquítico. mas se me obrigavam a movimentar-me o perigo era ainda maior, porque poucos passos dava se, ter o aprelho contra os olhos, perdendo-se a conta das vezes que caí por erro de cálculo ou pelo fascínio de ver que, sem dor, conseguia amputar as pernas e fazer com que os pés me saíssem do peito.»


E no mesmo ano em que nasceu Dinis Machado, nasceu também José Rentes de Carvalho, numa tarde quente de Maio, aqui fotografado em Vila Nova de Gaia, no preciso sítio onde «Deus criou o mundo», como conta neste começo de Ernestina. A imagem é de Abril deste ano, quando o autor de Ernestina guiou as pessoas da Quetzal e mais dois autores da casa, Mónica Marques e Lourenço Mutarelli, pelas ruas de uma Gaia quase esquecida, quase campo, a minutos a pé das Caves e da Ribeira. Rentes de Carvalho escreve todos os dias no blogue Tempo Contado, onde é o patrão da barca. E muito brevemente publicaremos deste autor A Amante Holandesa, mais um romance reeditado pela Quetzal.

 

«Deus criou o mundo em Vila Nova de Gaia, numa tarde quente de Maio em 1930. E eu, quando uns quatro anos depois comecei a observar a Sua criação, não o fiz como seria de esperar, apenas com os olhos que Ele me tinha dado à nascença, mas quase exclusivamente através dum binóculo.»

 

A primeira frase de Ernestina, de J. Rentes de Carvalho.


Ernestina é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de famílias ficcionadas. É um retrato de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, um romance que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda. Ernestina é também o nome da mãe do autor e da intrépida protagonista deste livro. Sobre ela J. Rentes de Carvalho disse: «Mãe de um só filho, a sua vida, que foi de uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos e fortes os laços que a ela me prendem».

 

 

 

«Livro-espelho, reflector das coisas humanamente observáveis, através das perplexidades de um autor cuja escrita saborosa Saramago já recenseara na Seara Nova em 1968, referindo-se a Rentes de Carvalho como alguém que nos dá "o quase esquecido prazer de uma linguagem em que a simplicidade vai de par com a riqueza, (...), que decide sugerir e propor, em vez de explicar e impor." Uma escrita que o próprio, certa vez indagado a propósito, descreveu como franca, "sem lindezas nem arrebiques, e chamando as coisas pelo seu nome." Modéstias sobre uma escrita maior do que isso, cujas qualidades literárias são evidentes nestas crónicas holandesas.»

 

Sarah Adamopoulos (que nasceu em Roterdão) publicou um longo artigo na Notícias Magazine deste sábado sobre J. Rentes de Carvaho, partindo da leitura de Com os Holandeses.

 

Em Outubro deste ano chegará às livrarias com a Ernestina, um romance publicado pela primeira vez em 1998, na Holanda. (O autor estreou-se na ficção em 1968, com Montedor, a que que refere José Saramago no texto citado.)

 

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