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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

Entrevista ao vivo na série Writers in Conversation, na Universidade de Southampton – sobre A Praia de Manhattan, que a Quetzal publica nesta sexta-feira, 14 de setembro. 

Veja também, aqui, Jennifer Egan entrevistada por Christianne Amanpour na CNN quando A Praia de Manhattan foi escolhido como leitura do New York’s City Book Club.

Sim, mas está sempre na fronteira. Não posso negar que este elemento real interessa-me muito. Há sempre um lado de ilusionismo, de ficção, de artifício. Estamos a assistir a um regresso artístico ao real – na literatura, na música, no cinema, na televisão. Eu não me considero um seguidor desse movimento, mas um praticante natural desse movimento. Quando li o livro-manifesto do David Shields, “Reality Hunger”, pensei que era aquilo que eu sentia e que já tinha intuído e até discutido com alguns amigos. Muitos trabalhos meus já têm isso: esse ilusionismo entre o real e o imaginário. Esse fingimento de algo que aconteceu. Há muita gente que julga que sou o melancómico.

 

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 Nuno Costa Santos (aqui fotografado por Vitorino Coragem), em entrevista a Mário Rufino, para ler na íntegra no Diário Digital

 

«Em Teu Ventre é o 15º livro de José Luís Peixoto, que se tem dividido entre o romance, a poesia, a crónica e o relato de viagens. Com este livro, quis abrir novas possibilidades de interpretação e romper com discursos simplificados. Entrar dentro do tabu.

JL: Um livro de fé ou curiosidade?
José Luís Peixoto: Das duas. Ambas desempenham um papel muito importante na escrita de um livro e, até, na vida. A haver uma posição neste livro é a de que devemos aceitar o transcendente como uma dimensão do real.

Acredita em milagres?
Não se trata de acreditar. O que digo é que devemos aceitar que há uma grande quantidade de coisas que são maiores do que nós e para as quais não conseguimos encontrar uma explicação. A vida é em si própria um mistério. Se olhássemos com olhos analíticos para pequenos acontecimentos do quotidiano chegaríamos à conclusão que são impressionantes, muitas vezes incríveis. Por facilidade poderíamos colocá-los na categoria de milagres. É um elemento que não devemos subtrair à vida, sob pena de estarmos a diminuí-la.»

 

Entrevista de José Luís Peixoto ao Jornal de Letras.

 

 

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«Foi o poeta Herberto Helder que deu o último empurrão ao editor ao dizer-lhe: "Publica". Aconselhou a ignorar o prefácio onde justificava a escolha dos poemas, porque a poesia "não se explica, lê-se". Por isso, Manuel Alberto Valente escolheu os que gosta e que considerava dever publicar em Poesia Reunida.

"A existência deste livro é uma tentativa de não perder mais coisas e de reunir de um modo muito podado o que escrevi ao longo dos últimos 50 anos", diz. Explica que "não é muito extenso nem vai revolucionar a poesia portuguesa, mas houve um grupo muito grande de amigos que insistentemente pediram que esta poesia fosse recuperada". Os poemas, segundo o autor, "remetem para grandes vozes da tradição portuguesa porque a minha poesia inscreve-se nessa grande tradição lírica portuguesa, que começa em Camões, passa no século XIX por Cesário Verde, e continua no século XX por nomes que trabalharam esse aspeto lírico, como Jorge de Sena, Mário de Sá-Carneiro, Eugénio de Andrade ou Sophia de Mello Breyner. É por aí que passa, mais do que por Fernando Pessoa."»

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Manuel Alberto Valente em entrevista ao DN.

 

«Este romance parece ter nascido de um impulso. Foi assim?


Sim, um pouco por uma urgência que veio de uma observação política. Acabei reconhecendo em pessoas que abomino, em discursos que odeio, coisas com as quais concordo. Acontece ouvir alguém, estar de acordo e acompanhar o discurso, acreditando que é bom, e de repente dar-me conta de que quem falava era um representante da extrema-direita, por exemplo. Essa mobilidade dos discursos, o terem saído do lugar de conforto no qual eu podia reconhecê-los, inquieta-me. O livro vem do desconforto de não saber como me posicionar politicamente nesse mundo actual.»

 

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Entrevista do escritor brasileiro Bernardo Carvalho ao Ípsilon, a propósito da publicação em Portugal de Reprodução.

«Inspira-se nestas pessoas?

Eu não me inspiro, tomo nota. São uns apontamentos.

Vamos usar a palavra inspirar para facilitar...

Entre aspas.

"Inspiram" mais hoje em dia ou há uns anos "inspiravam" melhor?

Talvez deva responder de outra maneira. As pessoas eram diferentes e mais ingénuas. Atualmente, estão mais ao corrente da vida e perguntam-se: "Como é que me devo apresentar?" O que antigamente não acontecia porque a pessoa era e agora a pessoa faz-se.

O que tem muito que ver com as personagens de ficção...

É um pouco assim. Devido à televisão, têm uma grande consciência de si próprias, da sua atitude e da sua posição. Há, talvez, aqui quatro ou cinco pessoas entre as poucas dezenas que ainda são da cepa antiga. Mas o geral não.

E no seu caso, mantém-se ingénuo ou também já a perdeu?

Eu nunca o fui. Perdi muito cedo a ingenuidade porque comecei a ler bastante e muito cedo - por volta dos 8 anos -, mesmo que não soubesse o que lia. Era como quem absorve material sem saber o que aquilo é. No entanto, por volta dos 14 anos já tinha uma consciência política muito desenvolvida para a idade e para o tempo. Até uma consciência social muito forte pois nasci num lugar muito pitoresco de Vila Nova de Gaia, a que chamam Monte dos Judeus. É uma ilhazinha de casas no meio dos armazéns de vinho do Porto, onde havia uma fauna muito especial de pessoas: dois ricos que eram os donos da estiva, uma família Cockburn, uma classe média modesta, prostitutas, embarcadiços e pescadores. Na parte da frente da casa, olhava-se para o Porto; nas traseiras, olhava-se para a Idade Média. Isso deu-me muito cedo uma visão particular da sociedade, porque convivia com as classes sociais todas.

E no seu caso, mantém-se ingénuo ou também já a perdeu?

Eu nunca o fui. Perdi muito cedo a ingenuidade porque comecei a ler bastante e muito cedo - por volta dos 8 anos -, mesmo que não soubesse o que lia. Era como quem absorve material sem saber o que aquilo é. No entanto, por volta dos 14 anos já tinha uma consciência política muito desenvolvida para a idade e para o tempo. Até uma consciência social muito forte pois nasci num lugar muito pitoresco de Vila Nova de Gaia, a que chamam Monte dos Judeus. É uma ilhazinha de casas no meio dos armazéns de vinho do Porto, onde havia uma fauna muito especial de pessoas: dois ricos que eram os donos da estiva, uma família Cockburn, uma classe média modesta, prostitutas, embarcadiços e pescadores. Na parte da frente da casa, olhava-se para o Porto; nas traseiras, olhava-se para a Idade Média. Isso deu-me muito cedo uma visão particular da sociedade, porque convivia com as classes sociais todas.»

 

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Entrevista de J. Rentes de Carvalho ao DN.

 

«Este não é um dicionário comum. Porquê o sentimental?

 

Não queríamos que fosse um dicionário normal. O E não poderia ser de Eusébio, seria muito óbvio. É de Eléctrico, do tempo em que o Rogério Pipi e o Peyroteo, um do Benfica outro do Sporting, trabalhavam juntos no mercado das carnes e iam também juntos de eléctrico para o treino. Isso é sentimento.

 

Há histórias surreais como a do tipo que atropela o seu jogador favorito do Torino, o Gigi Meroni, e anos mais tarde se torna o presidente do clube. Como fazes a tua pesquisa?

 

Entre numa livraria e folheio as coisas mais improváveis. A partir de uma ponta solta começo a descobrir a história. Esse jogado foi atropelado no meio da rua por um adepto que o idolatrava e que morava ao lado dele – e que viria a ser presidente do clube. O jogo seguinte foi um Torino-Juventus, um dérbi muito fértil em emoções, e ficou 4-0. Três golos foram marcados por um jogador argentino, Néstor Combin. Encontrei-o na Argentina em 2011 e ele fartou-se de chorar ao lembrar-se das coisas. Esse tipo de histórias estão por aí, há que as procurar.»

 

Entrevista de Rui Miguel Tovar à revista Sábado, a propósito da publicação do Dicionário Sentimental de Futebol.

 

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«Porque decidiu responder por email em vez de fazer uma entrevista por telefone? Porque prefere escrever sempre que pode?
Sou esquisito ao telefone, ainda mais quando faço entrevistas. Leio-as mais tarde e consigo ver que por causa do meu nervosismo acabei por transmitir ideias enigmáticas e até enganosas em relação ao que realmente tinha para dizer.
O seu primeiro romance foi agora publicado pela primeira vez em Portugal. Isto não lhe parece estranho, quando estamos a falar de um livro que foi lançado originalmente em 1991?
Bom, a única coisa que sentia sobre esta publicação em Portugal era prazer. Mas isso foi até ter lido esta pergunta. Pergunto-me se não deveria ter estado revoltado com o país durante todos estes anos.
Tem uma média de dez anos entre livros e só publicou quatro. Não leve a mal esta pergunta, mas o que faz para viver?
Já ganhei a vida de diferentes maneiras, de apanhar cerejas a descarregar camiões que transportavam molhos de “New York Times” para os pontos de venda, durante a madrugada. Estive empregado como responsável pelas batatas fritas na cozinha de um restaurante quase durante 30 minutos. Fiz as coisas que habitualmente os escritores fazem, dei aulas, fiz revisão de texto… O trabalho que fiz durante mais tempo foi como alfarrabista. A Elsa trouxe quase sempre dinheiro para casa e entre os dois recebemos três pequenas mas importantes heranças, que foram uma grande ajuda. A história profissional dela é tão variada como a minha mas foi durante muito tempo designer têxtil. Trabalhámos no Botsuana, em África, durante cinco anos como directores do programa do Peace Corps [organização de voluntariado gerida pelo governo dos EUA]. Tivemos alguns prémios, uns bónus, direitos de livros vendidos para filmes que acabaram por não resultar em filmes… Enfim, percebemos cedo que para nós o lema mas inteligente seria “manter baixas as expectativas”. Vivemos durante 53 anos menos os cinco de África numa pequena casa numa quinta construída em 1840. Primeiro alugámo-la por 55 dólares por mês, depois comprámo-la, mais os quase oito mil metros quadrados de terreno, tudo por 20 mil dólares. O nosso carro é um Saturn de 1998.»

 

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 Norman Rush em entrevista exclusiva ao jornal i.

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