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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«A autora calibra o plot com a naturalidade e a segurança de quem relata uma história linear. Ora o romance de Helena Vasconcelos será tudo menos linear. Veja-se como do Livro I para os seguintes o tempo da narração sofre uma forte guinada. Afinal, nem tudo é como na pacata Steventon. Verdade que a clave irónica da close reading austeniana transforma o livro em obra aberta, pós-modernista em sentido amplo. Drible perfeito: com material na aparência “fútil” se fez um belo romance de ideias. Nada de confusões com a empáfia indígena que todos os dias presume ter descoberto a roda.»

frenteK_nao_ha_homens_ricos.jpgEduardo Pitta dá 5 estrelas ao romance de estreia de Helena Vasconcelos, na Sábado.

«A Zona de Interesse é talvez o romance mais comprometido de Amis, e seguramente o mais conseguido, o que não deixa de ser relevante se pensarmos que O Segundo Avião (2008), não sendo uma narrativa de circunstância, reporta ao 11 de Setembro, tema familiar à maioria dos leitores. Tal como há sete anos, também agora nenhuma linha se afasta da realidade, ilustrada por factos documentados. Dir-se-ia que a quota ficcional é um pretexto para contar o indizível. A diferença é que o livro sobre o ataque às Torres Gémeas é uma obra de não-ficção (ainda que inclua um perfil ficcionado de Muhammad Atta), enquanto A Zona de Interesse é um romance clássico no mais amplo sentido do termo. Pode-se dizer que Amis dribla os que até aqui o acusavam de vénia ao ar do tempo. Desta feita, o passado regressa sob a forma de um murro no estômago. Cinco estrelas

 

Eduardo Pitta, Da Literatura

 

k_zona_interesse_7.jpg

 

«Avesso a holofotes, Agostinho da Silva (1906-1994), escritor, pedagogo e tradutor, permanece um desconhecido para muita gente. Razão acrescida para saudar a biografia que António Cândido Franco acaba de dar à estampa – O Estranhíssimo Colosso. […] Rigor, prosa escorreita, heterodoxia. O traquejo do biógrafo permite o uso de plebeísmos conformes ao biografado: “borraçudo” (o perfil da sociedade portuguesa durante o salazarismo), “marimbou”, “baril”, “Eh, pá!” ou “Marcelo e Tomás foram dentro”, fluem com naturalidade. Agostinho aprovaria.»

Eduardo Pitta, Sábado

 

frentek_estranhissimo_colosso12.jpg

 

«A memória de Eduardo Pitta é uma memória de incríveis minúcias, capaz de irritar quem não guarda, dos acontecimentos passados, senão recordações em clave de mais ou menos. [...] É esta minúcia que dá espessura e sabor a tais momentos, mas é também a origem da irritação dos menos dotados desse tipo de memória  —  e que se vingam, como já se viu, acusando o escritor de “snobismo” e outros pecados adjacentes. É possível que o seja, até certo ponto, embora da espécie inocente. Mas, nesse caso, apetece perguntar: “Porquê não perdoar ao Eduardo o que se perdoa, gulosamente, ao Proust?” Eu creio que este tipo de acusações ignora, sobretudo, um facto: na sua altaneira exibição de conhecimento microscópico do Milieu, Eduardo Pitta usa sempre  —  e fá-lo, com singular mestria  —  um fundo de ironia assassina, que só, até certo ponto, dissimula. Certas suas formulações decapitam sem piedade: “O Al Berto absteve-se. Em tratando-se de terceiros, e sobretudo quando não era o centro das atenções, aborrecia-se.”  E era nestes termos aparentemente snobs mas sibilinamente mortíferos que falava da aurora da Democracia: “Nos primeiros anos da revolução, os operários comiam sapateiras, a direita comia filetes de pescada, a esquerda comia bacalhau com batatas a murro e os não-alinhados comiam steak au poivre. As classes altas comiam no Lucas-Carton.  A caricatura vale o que vale, mas foi a Casa da Comida que mudou o paradigma.” [...]»

 

Excerto da crítica de Eugénio Lisboa a Um Rapaz a Arder, publicada no nº 185 da Colóquio/Letras. Ler mais aqui.

 

 

 

 

«Os Níveis da Vida está dividido em três secções, sendo a primeira e a segunda de natureza enciclopédica (um tour d’horizon sobre balonismo, e a última uma homenagem à mulher que amou, Pat Kavanagh, a agente literária que foi sua mulher durante 30 anos. Não é fortuito que a badana da edição portuguesa inclua um breve verbete de Ms. Kavanagh. Com a morte de Pat, ele desmoronou: «Entre um Verão e um Outono houve ansiedade, alarme, medo, terror.» O suicídio esteve no horizonte, mas Barnes veio à tona, sem poupar no sarcasmo contra os que à sua volta (e foram muitos) fizeram de conta que nada tinha acontecido. Notável.»

 

Eduardo Pitta, Sábado

 

 

 

«Pode-se dizer que a consagração de Teju Cole (n. 1975) chegou com o ensaio de várias páginas que James Wood lhe dedicou na “The New Yorker”, mas a melhor síntese sobre Cidade Aberta pertence a Cólm Tóibín – “Um reflexão sobre história e cultura, identidade e solidão.” Em rigor não é preciso dizer mais nada. (…) Cole tem uma escrita elegante (a tradução de Helder Moura Pereira faz-lhe justiça) e este livro não anda longe dos textos sobre viagens que publica com regularidade. Uma bela descoberta.»

 

Eduardo Pitta, Sábado

 

«Um dos seus feitos, li algures, dizia ser “ter sobrevivido sem canudo num país de doutores.” Não precisou de diploma para se encantar pela literatura. Como começa a sua relação com os livros e os autores?

 

Mas alguém algum dia se preocupou com a falta de canudo do Cesariny, da Sophia ou do Herberto Helder? A poesia tornou-se um feudo de académicos, isso nem é pecha nossa, lá fora também é assim, mas eu venho de outra geração. E em minha casa sempre houve muitos livros. Leio desde que me conheço.»

 

Eduardo Pitta em entrevista ao jornal i

 

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