«Mai Jia acredita que a missão da literatura é mais elevada do que a da política, uma afirmação que pode ser lida como arriscada, vinda de um escritor que vive na China e não é um dissidente do regime comunista.
O Ocidente começou a ouvir falar dele no ano passado, quando o seu primeiro romance foi publicado em inglês. Já tinha então seis livros editados e 15 milhões de exemplares vendidos no seu país, além de adaptações para cinema e televisão e uma colecção de afirmações capazes de o apresentar fora de fronteiras como alguém com enorme auto-estima e vontade de ser conhecido como escritor universal.
Apresentado como autor de espionagem, um executante inovador da arte do thriller psicológico, Mai Jia, nome literário de Jiang Benhu, prefere uma designação mais abrangente. “O jogo de espionagem é apenas uma capa [para o que faz]. Eu escrevo sobre pessoas", disse numa entrevista publicada em 2012 na Time Out de Pequim. “Pessoas que sofrem de alienação do trabalho: o seu espírito, o seu destino, a sua dor interior e amor. É com isso que estou preocupado”, acrescentou o escritor que tem sido comparado a vários autores nas muitas tentativas, mais ou menos maliciosas, de traduzir esse “fenómeno” chinês para a literatura ocidental: John Le Carré, Dan Brown, Jorge Luis Borges, Franz Kafka. Entre eles, Mai Jia elege um: Borges, o seu herói literário, e conta que passou um dos três anos ao serviço do exército chinês no Tibete a ler um único livro: O Livro de Areia.»
Isabel Lucas, Ípsilon. Ler o texto completo aqui.