“Do ponto de vista literário, nada a apontar para a reviravolta de intenções. Norris tem estrutura para carregar o romance inteiro. E de que maneira. Aplausos para Isherwood não fosse ele a trazer mais tarde a sua inquietação acerca do modo como a crítica o recebeu, ao confessar que no romance não jogou limpo. Que se aproveitou de uma personagem para se esconder, camuflar uma identidade, quase a falseando. Mas essa é a consciência do autor com a qual o leitor consegue conviver muito bem. Não sendo a sua obra-prima – essa categoria estava reservada a Um Homem Singular (1964), livro com que a Quetzal iniciou a publicação da obra de Isherwood em Portugal em 2011 – Mister Norris Muda de Comboio é a prova de que Isherwood quase, quase chegou à clareza e ao incómodo da lente fotográfica.”
Isabel Lucas, Público