«O Agualusa capaz de produzir boas histórias a partir de ideias surpreendentes está cá todo, tal como a sua capacidade para arrancar narrativas com uma grande frase: “Depois que o mundo acabou fomos para o céu” – e o céu a que ele se refere é literal: um dilúvio inundou o planeta e apenas uma ínfima parte da humanidade conseguiu escapar em balões e dirigíveis. Restam dois milhões e pessoas, organizadas em cidades-balsa, entre as quais o protagonista da história, Carlos Tucano, 16 anos, que parte da flutuante Luanda em busca do pai.
O Agualusa que não está nesta história é o mais pessimista e circunspecto: apesar do apocalipse, este é um romance de bons sentimentos, paixões puras e piratas convertidos, onde uma ou outra zona de sombra funciona apenas como catalisador de uma humanidade pacificada e em lenta reconstrução. Espécie de 20 Mil Léguas Aéreas com Facebook e mensagem ecológica, A Vida no Céu não deslumbra pela acção, mas é muito eficaz na construção do seu universo, que o autor admite desdobrar em novas aventuras.»
João Miguel Tavares, Time Out