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Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.
Martin Amis foi eleito um dos homens de 2010, pela CG. E logo este ano, que do autor publicamos o primeiro livro, Os Papéis de Rachel, e o mais recente, A Viúva Grávida.
(via blogue da Ler)
É para conferir aqui, o que diz sobre as mulheres no mundo o autor de A Viúva Grávida, livro que fala sobre raparigas e rapazes e o que mudou desde a revolução sexual dos anos 1970. Ou não.
Martin Amis, em entrevista a José Mário Silva, publicada este fim-de-semana no Expresso/Actual:
«Como escritor, se um dia descobrir que perdeu a graça, o que fará?
Espero ter a coragem de abandonar a escrita. Há um pequeno segredo da literatura moderna que é este: todos os escritores acabam, mais tarde ou mais cedo, por perder algumas das suas melhores qualidades. Antigamente, ninguém dava por nada, porque os escritores morriam cedo. Shakespear morreu aos 54 anos, Jane Austen aos 41, etc. Entretanto, os progressos da medicina fizeram com que os escritores, agora, morram duas vezes: morrem quando morrem e, antes disso, morrem quando morre o seu talento. Felizmente, nos últimos anos não me tem faltado a energia. mas os escritores mais velhos tendem a aperceber-se de que mesmo os nossos clássicos preferidos não são suficientemente breves. Tchecov disse-o. Saul Bellow disse-o. (...)»
José Mário Silva publicou no Bibliotecário de Babel o texto sobre A Viúva Grávida, de Martin Amis, que saiu esta semana no Actual do Expresso.
«"Os rapazes ganharam", disse a enteada dele, Silvia. "Outra vez."
"Detesto ouvir isso", disse Keith.
"Eu detesto dizê-lo."
Silvia cursara Sexo (no sentido de Género) na Universidade de Bristol. E era agora uma daquelas «crianças» jornalistas que, aos vinte e três anos, já escrevia uma muito discutida coluna semanal num dos grandes jornais. Leith conhecera-a quando ela tinha catorze - em 1994, quando ele vendera o seu grande duplex em Notting Hill e se mudara para a casa por cima do Health. Silvia tinha herdado a aparência da sua mãe, mas nenhuma da insana alegria desta; era um daqueles espíritos tórpidos que causavam riso a toda a gente menos a si mesma.
"Portanto, contrariamente ao teu melhor juízo", disse ela torpidamente, "dás por ti a passar a noite com um jovem. E são todos iguais. Não interessa quem. Um replicante com fato de quem trabalha na City. Um mal-cheiroso qualquer com uma camisola do Arsenal. E, na manhã seguinte, por hábito, tu dizes-lhe, sabes como é, quando puderes telefona-me. E ele fica a olhar para ti. Como se fosses uma leprosa que o tivesse acabado de pedir em casamento. Porque telefona-me é chantagem emocional, compreendes. E o compromisso não é permitido. Os rapazes ganharam. Outra vez."»
De A Viúva Grávida, de Martin Amis.
«Ele lembrou-se da descrição que Lily fizera da primeira vez dela, de Lily, com o estudante francês em Toulon, e de ela ir caminhar pela praia na manhã seguinte, e pensar, meu Deus, sou uma mulher... Despertar para a feminilidade. Era a isso que os psicólogos chamavam aniversário animal: um aniversário animal é quando o nosso corpo nos acontece. Não era assim para os rapazes, a primeira vez: a primeira vez era somente algo que se tirava do caminho. Foi percorrido por um grande desamparo, e procurou a mão de Lily.»
De A Viúva Grávida, de Martin Amis.
Hoje, o dia em que chega às livrarias A Viúva Grávida, de Martin Amis, o Ípsilon publica um texto de Helena Vasconcelos sobre o autor e o livro. Ali se diz que «Amis recria a arqueologia do corpo na sua trajectória de envelhecimento, sem esquecer as dores da alma, resultantes da inexorável passagem do tempo. Tudo isto poderia redundar numa narrativa sentimental e patética mas tratando-se de Martin Amis, mestre da farsa e desarvergonhado bufão, toda a história de A Viúva Grávida é contada como uma delirante comédia de costumes, na qual a melancolia e saudosismo são derrotados pela veemente afirmação da carnalidade, da lúxuria e da ironia, numa promiscuidade triunfantemente escatológica e com um sabor "kafkiano".» Ou ainda: «Há alguns mistérios mistérios em A Viúva Grávida: a voz de alguém que conhece bem Keith e que se interpõe na narrativa e certos apontamentos rápidos e aparentemente desconectados que marcam os temas centrais: a crescente solidão e incomunicabilidade e as ironias do amor e da intimidade que invadem, com crueldade, o quotidiano.»
Tomás Vasques estreia-se na leitura de Martin Amis amanhã, com o nosso A Viúva Grávida. Ficamos à espera das primeiras impressões, do veredicto final e de tudo o que fica entre isso, caso seja partilhável, caso lhe sobre tempo para uns posts.
Desta vez assinada por Jorge Pereirinha Pires, publicamos mais uma primeira tradução mundial. Precisamente: A Viúva Grávida, de Martin Amis.
Estamos no Verão de 1970 — um Verão longo e quente.
Num castelo em Itália, meia dúzia de jovens flutuam sobre um mar de mudança, apanhados na corrente da história da revolução sexual. As raparigas comportam-se como rapazes e os rapazes continuam a comportar-se como rapazes. E Keith Nearing — um estudante de literatura com vinte anos, às voltas com o romance inglês — luta para que o feminismo e o novo poder das mulheres reverta a seu favor.
A revolução sexual pode ter sido uma revolução de veludo, mas não aconteceu sem derramamento de sangue...
A Viúva Grávida é uma comédia de costumes, um pesadelo.
Um livro brilhante, assombroso e gloriosamente arriscado. É Martin Amis no melhor da sua audácia.
A Viúva Grávida, de Martin Amis | tradução de Jorge Pereirinha Pires.
série serpente emplumada | Martin Amis.
Nas livrarias a 9 de Abril.
«Quando se passa o meio século, a carne, a cobertura da pessoa, começa a atenuar-se. E o mundo está cheio de lâminas e de espinhos. Durante um ano ou dois as nossas mãos andam tão arranhadas e esfoladas como os joelhos de um menino. Depois aprendemos a proteger-nos: isto é o qu vamos continuar a fazer até que, perto do fim, já nem fazemos mais nada - só nos protegemos. E enquanto aprendemos a fazer isso, uma chave na porta é como um prego numa porta, e a tampa da caixa do correio é como um cutelo, e até o próprio ar está cheio de espinhos e de lâminas.»
De A Viúva Grávida, de Martin Amis. Amanhã nas livrarias.
«A morte das formas contemporâneas de ordem social deveria alegrar mais a alma do que perturbá-la. O assustador, porém, é que o mundo que parte deixa atrás de si não um herdeiro, mas uma viúva grávida. Entre a morte de um e o nascimento de outro, muita água correrá, uma longa noite de caos e de desolação há-de passar.»
Esta é a epígrafe que Martin Amis escolheu para o seu mais recente (e muito aguardado) romance, publicado já em 2010 em Inglaterra e que este mês, no dia 9, chega às livrarias portuguesas. É o primeiro livro de Amis com a chancela da Quetzal, que publicará a sua obra.
Considerado pelo Independent on Sunday «o maior escritor inglês da sua geração», Martin Amis completou 60 anos em 2009 e este é o seu décimo segundo romance. O escritor admite ter-se dedicado durante um longo período a um romance autobiográfico com uma estrutura ficcional. Só que este projecto não resultou como esperava. «Acontece uma coisa curiosa com a vida» - disse numa entrevista recente - «se a pusermos num romance, morre». Havia, no entanto, uma parte do que tinha escrito que não o desiludia: a descrição de um verão passado num castelo em Itália. Foi precisamente dessas páginas, com muito da vida de Amis, que partiu para a história de Keith Hearing, «um estudante de literatura com vinte anos, às voltas com o romance inglês que luta para que o feminismo e novo poder das mulheres reverta a seu favor», e dos rapazes e raparigas com quem partilhou o verão de 1970 – uma estação que continha as sementes do mundo moderno, a verdadeira viúva grávida.
Já está nos nossos escritórios. Nas livrarias a partir de dia 9 de Abril. Um dos livros mais aguardado este ano: A Viúva Grávida, de Martin Amis.
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