José Mário Silva no Expresso sobre Roberto Bolaño:
«Ao contrário do que sucede com outros ficcionistas, os inéditos póstumos de Bolaño nunca são acontecimentos menores ou marginais. Na verdade, emergem de uma torrente criativa extraordinária (materializada em milhares de páginas) que só não nos esmagou mais cedo devido aos condicionalismos do mundo editorial, incapaz de dar vazão a tanta verve. Além do gargantuesco 2666, essa obra-prima crepuscular, foram trazidos sucessivamente à luz volumes de textos aparentemente díspares mas que remetem, na maior parte dos casos, para situações e personagens de obras anteriores, funcionando assim como peças perdidas de um puzzle — a grande visão bolañiana do mundo — que nunca deixou de se expandir, em círculos cada vez mais amplos, e por isso estava destinado à incompletude.
Volta a ser o caso com este Sepulcros de Cowboys, composto por três narrativas resgatadas pela viúva de Bolaño, Carolina Hernández, no disco duro do computador da família e em disquetes.»