«Aos 81 anos, o norte-americano Norman Rush estreia-se em português com um romance sobre as relações entre homens e mulheres. Conversa em Nova Iorque com jazz em fundo sobre literatura, política e muitas perguntas (dele) sobre como vai Portugal.
Com Norman Rush, a escrita (e a conversa), é sempre política. Antigo activista de esquerda, começou a escrever na prisão, aos 17 anos. Foi preso por se recusar a combater na Guerra da Coreia, um conflito que durou três anos, entre 1950 e 1953. “A minha liberdade foi escolher não morrer na guerra”, diz agora, com 81 anos, sobre esse seu momento enquanto objector de consciência.
Quis ser poeta, depois experimentou qualquer coisa a la Joyce. Não deixou uma página desse período. “Rasguei, queimei… ”, conta. Depois foi ganhar a vida, como vendedor de livros antigos. Recomeçou a escrever na década de 1980, quase em reacção a uma experiência em África como observador americano num programa de paz no Botswana. Em 1986 publicou Whites, e foi finalista do Pulitzer de ficção. Mating veio cinco anos depois e venceu o National Book Award. Em 2003 apareceu com Mortals e a fasquia continuava alta, com aplausos da crítica. Até este Corpos Subtis (2013), o primeiro dos seus romances passado fora de África e… “o menos consensual de todos”, afirma numa voz grave, porte altivo num rosto de olhos azuis e cabelo de um branco imaculado. Há jazz em fundo naquela mesa de madeira e bancos de pele de um restaurante nova-iorquino em University Place. Um clássico de pratos como meat loaf ou bife de corte e tamanho americanos. “Gosto deste sítio calmo, sem música de plástico, onde podemos estar a conversar ou a ler sem que nos sintamos expulsos pelo tempo.”»
Isabel Lucas entrevistou o escritor Norman Rush para o Ípsilon. Ler o artigo completo aqui.