Navegámos o dia inteiro pelo estreito
de Messina (longe de guerras antigas onde
as pedras voavam). Eu fazia
o que fazias -
como ondas repetidas quebrando
maduras na praia
ensaiando imperfeições num mar que
não se desliga. Para trás ficavam os deuses
de folga em Taormina (Posídon
dando descanso a um cardume de iates
um certo Hefesto poupando a
neve no cume do Etna). E eu fazia
o que fazias
(como a cópia de uma chave no acto
de ser copiada).
Um poema de 'Mediterrâneo', de João Luís Barreto Guimarães.