A frustração de Jorge Luis Borges (1899-1986) e dos seus admiradores, por nunca ter obtido o Nobel da Literatura, terminou hoje com a atribuição simbólica do prémio ao autor argentino, por um Comité Internacional de Escritores, em Buenos Aires.
«Não podendo sob qualquer pretexto permitir que este ano o Prémio seja declarado deserto por irresponsabilidade dos académicos que nos antecederam, um Comité Internacional de Escritores (CIE) assume a responsabilidade de entregar o Prémio Nobel da Literatura 2018 a Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedro», leu o poeta e ator Esteban Feune de Colombi, disfarçado de «académico sueco».
O artista argentino fez o anúncio hoje à noite, durante a inauguração do Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires (FILBA), numa resposta ao adiamento da atribuição do prémio, este ano, pela Academia Sueca, na sequência do escândalo de abusos sexuais e de fugas de informação, que levaram à demissão de sete membros do comité e à necessidade da sua reestruturação.
«O importante era o gesto, conseguir transmitir este gesto, de atribuir, mesmo que simbolicamente, o Nobel da Literatura ao autor de Aleph, e o desafio era concretizá-lo», disse Feune de Colombi.
«Se calhar ocorreu a muitos uma ou outra vez [fazê-lo], e o importante era conseguir concretizar a ideia e depois soltar esse gesto num evento literário», explicou o porta-voz do CIE.
Composto por representantes de França, Reino Unido, Espanha, Egipto, Argentina, Brasil, Uruguai, México e Venezuela, o CIE reuniu uma dezena de membros, como a autora francesa especialista em arte Catherine Millet, fundadora da Art Press, o escritor Irvine Welsh , o filósofo espanhol Fernando Savater e o autor de Livrarias Jorge Carrión, o argentino Alberto Manguel, o vencedor do Prémio Gouncourt Mathias Énard, o brasileiro João Paulo Cuenca, a mexicana Cristina Rivera Garza e o venezuelano Leo Felipe Campos.
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