Isabel Lucas escreve no Público sobre A Praia de Manhattan — e encontra-se em Nova Iorque com Jennifer Egan: «“Parece que todas as ruas de Nova Iorque levam a Melville.” Jennifer Egan segura uma caneca entre as mãos. Acabou de trincar um biscoito e acomoda-se na poltrona junto à janela. Vai bebendo chá, e o corpo, alto e esguio, forma um N no cadeirão, muito gasto, junto à janela. Parece retirado de uma mansão vitoriana e contrasta com as leggings e os ténis de corrida que a escritora tem calçados. Lá fora cai uma morrinha de fim de Abril. Ainda fria. É naquele espaço atulhado de papéis que lê e escreve. Fica no último andar de uma town house numa rua tranquila de Clinton Hill, casas de três ou quatro pisos, da mesma época, janelas altas e um pequeno pátio com floreiras onde há tulipas a abrir. É um bairro de classe média-alta. Perto de restaurantes, pequenas mercearias, jardins, estações de metro. A gata Cuddles aparece e instala-se no topo da poltrona, colando o focinho ao vidro. Veio para ficar. Se seguíssemos os olhos de Cuddles, talvez um quilómetro e meio em linha recta, chegaríamos aos estaleiros navais de Brooklyn, e à água. O que Jennifer Egan também queria dizer com a frase inicial é que parece que todas as ruas de Nova Iorque levam ao mar.»