Excerto da entrevista, publicada a semana passada no Expresso, que Pedro Mexia fez a James Wood, crítico literário de quem a Quetzal já publicou A Mecânica da Ficção e A Herança Perdida.
«É atualmente o crítico literário mais conhecido da sua geração. Acha que isso tem a ver com o facto de não escrever apenas recensões mas ensaios com um certo cunho pessoal? É por isso que chega até aos leitores que normalmente não leem crítica literária?
Espero que isso seja verdade. Quando eu era adolescente, lia crítica literária por prazer, o que faz de mim um indivíduo muito estranho. Sentava-me na cama à noite e lia ensaios. Em Inglaterra há uma longa tradição de crítica literária de poetas e romancistas que remonta ao século XVIII. Gostava especialmente de Thomas de Quincey, que escreveu sobre o vício do ópio e os poetas românticos. E gostava muitos dos ensaios de Virginia Woolf, de onde retirei a ideia de que a maneira certa de escrever sobre livros é escrever através deles. Tenta-se nadar na mesma água onde o livro nada. E às vezes isso significa quase adotar alguma da sua linguagem, algum do seu poder metafórico. Estar numa espécie de proximidade ou – por mais tolo que isso pareça – numa competição com o livro que se está a criticar.»