«Há duas palavras que marcam todas as páginas de «O Herói Discreto»: lealdade e ética. Acreditamos que Ismael Carrera e Felícito Yanaqué não são mais do que uma justa homenagem de Llosa aos anónimos de todas as sociedades, personagens/pessoas que, devido às suas convicções, construíram e fizeram crescer sem medo uma aldeia, uma cidade, um país.
Ambos assumem o papel de revolucionários silenciosos (não é por acaso que Yanaqué é saudado na rua pelo cidadão comum), seres que não se intimidaram com as ameaças das quais foram alvo, mesmo quando elas surgiram da própria casa. Tanto Ismael Carrera e Felícito Yanaqué são acima de tudo fiéis aos seus ideais, que acabam por ditar os seus passos (e, consequentemente, o de outros…).
«O Herói Discreto» mantém portanto o «sangue» de Vargas Llosa, o seu ADN. Os temas de sempre estão todos no livro, como a eterna luta entre os poderosos e os oprimidos, mas também os dilemas da humanidade, inclusive o religioso (o único «nó» que não é totalmente desfeito na história). É no entanto de salientar que o livro não está ao nível das obras emblemáticas do peruano, muito longe disso, mas «O Herói Discreto» não defraudará os seus admiradores. Antes de tudo, é um Vargas Llosa puro.»
Pedro Justino Alves, Diário Digital