Um fascinante diário escrito nos anos de 1994 e 1995. Acolhido com grande entusiasmo na Holanda entre os leitores e críticos, Tempo Contado matiza o relato factual com a mestria estilística da melhor ficção do autor de Ernestina ou A Amante Holandesa. Um livro incontornável que apaixonará também os leitores portugueses.
«Um diário meu não terá a minúcia nem a intimidade das confissões dos de Pepys, ou o veneno destilado nos trinta e dois volumes do de Jouhandeau. Julgo que será, em factos e pensamentos, um relato essencial do dia-a-dia. Diários daqueles em que se anotam minuciosamente os sentimentos, até agora só tive um. Na adolescência. Quando o meu pai o descobriu e julgou encontrar nele a provável razão de, com os meus amores, eu ter descurado o estudo, obrigou-me a ouvir a leitura irónica e declamada que dele fez. Eu tinha dezasseis anos, a humilhação deixou marcas. Hoje, as ameaças desse dia e os insultos, as bofetadas que me deu depois, já não contam. Mas mais do que a dor a humilhação física, o ele ter violado os meus pensamentos e anseios íntimos foi das coisas que nunca consegui esquecer ou perdoar.»
Tempo Contado, de J. Rentes de Carvalho
série língua comum | J. Rentes de Carvalho