O escritor, tradutor e classicista é o vencedor do Prémio Pessoa deste ano, autor da da tradução da Bíblia publicada pela Quetzal. O anúncio foi feito esta sexta-feira no Palácio Seteais, em Sintra.
Leia aqui o texto do Observador e, aqui, o do Expresso — jornal que atribui o Prémio Pessoa, em parceria com a Caixa Geral de Depósitos:
O presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, salientou “o percurso profissional e criativo“ de Frederico Lourenço, “assinalado pela significativa e abundante bibliografia”. Frederico Lourenço “é caracterizado pela variedade de interesses e realizações que incluem, para além da centralidades dos estudos clássicos, a música, o romance, a poesia, o teatro, o ensaio, os estudos bizantinos, a germanista e a história da dança”.
Para o júri, Frederico Lourenço constitui “um exemplo de disciplina, capacidade de trabalho e lucidez intelectual no elevado plano dos estudos clássicos e humanísticos, parte fundamental da vida cultural e cientifíca dos países desenvolvidos”.
No entanto, “o traço mais singular” na atividade do novo Prémio Pessoa “reside no modo como, ao longo de quase duas décadas, Frederico Lourenço tem vindo a oferecer à língua portuguesa as grandes obras da música clássica”, salientou Francisco Pinto Balsemão.
A grande obra do portefolio de Frederico Lourenço é a tradução integral da Bíblia para português a partir das fontes gregas, cuja publicação foi iniciada há três meses, com o lançamento do primeiro volume. Sobre esse trabalho, Balsemão destacou os “elevados critérios de integração contextual, histórica e linguística", desse "livro maior de ressonância universal em toda a história humana”.
O Prémio Pessoa, anunciado nesta sexta-feira, é uma iniciativa anual do Expresso, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos. O galardão, que neste ano chegou à 30ª edição, visa distinguir uma personalidade que se tenha destacado na vida cultural e científica.
No Palácio de Seteais, em Sintra, depois de anunciar o nome do vencedor e fundamentar a decisão, o presidente do júri do Prémio Pessoa fez questão de “prestar pública homenagem a dois dos seus membros, recentemente falecidos, Miguel Veiga e João Lobo Antunes”.
Depois de salientar “o fulcro duradouro que ambos deixaram na sociedade portuguesa contemporânea”, Francisco Pinto Balsemão afirmou: "Não queremos deixar de assinalar o sentimento de perda e a saudade que a ausência da inteligência, humor e brilho pessoal [de Miguel Veiga e João Lobo Antunes] em todos nós profundamente provocaram”.
Frederico Lourenço, 53 anos, é professor associado com agregação na Universidade de Coimbra. Até 2009 fez o seu percurso académico na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A tradução integral da Bíblia a partir do grego, a primeira em língua portuguesa, é uma empreitada homérica. O primeiro volume saiu em setembro passado; a obra só estará terminada em 2020.
Lourenço é helenista de renome. Antes de se aventurar na Bíblia, já traduzira a Odisseia e a Ilíada, entre outros trabalhos.
O Prémio Pessoa teve como primeiro vencedor, em 1987, o historiador José Mattoso. No ano passado foi distinguido o escultor Rui Chafes. O Prémio Pessoa atribui um diploma e tem um valor pecuniário de 60 mil euros.
O da edição de 2016 foi constituído por Francisco Pinto Balsemão (presidente), António Domingues (vice-presidente), António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião e Viriato Soromenho-Marques.
[Fotografia de © Paulo Spranger, Observador]