«A primeira coisa a dizer sobre “Stone Arabia” (Quetzal, 2015) é que é difícil escrever sobre o mesmo. Pelas melhores razões. Após a leitura da última página fica desde logo a vontade e a sensação de que será necessário relê-lo, reinterpretá-lo e descobrir algo que, nas entrelinhas, nos escapou.
Muito mais que a história ou as crónicas dos dois irmãos, Denise e Nik, existe uma reflexão sobre a meia-idade e a solidão, que nos acompanha durante percursos de vida em que vamos sofrendo perdas permanentes, mais ou menos expectáveis. A busca pela felicidade, cada vez mais marca do tempo presente, ou a aparência da mesma. O sucesso, a imagem de cada um e a associação desprendida que se faz das mesmas. A publicitação de tudo, como se cada um de nós se medisse pela aceitação de outrem e do momento partilhado publicamente. A felicidade não é possível sem o oposto. A criação, a genialidade, não vive abraçada à riqueza ou ao sucesso desmedido. Os exemplos são infinitos.»