«Foi o poeta Herberto Helder que deu o último empurrão ao editor ao dizer-lhe: "Publica". Aconselhou a ignorar o prefácio onde justificava a escolha dos poemas, porque a poesia "não se explica, lê-se". Por isso, Manuel Alberto Valente escolheu os que gosta e que considerava dever publicar em Poesia Reunida.
"A existência deste livro é uma tentativa de não perder mais coisas e de reunir de um modo muito podado o que escrevi ao longo dos últimos 50 anos", diz. Explica que "não é muito extenso nem vai revolucionar a poesia portuguesa, mas houve um grupo muito grande de amigos que insistentemente pediram que esta poesia fosse recuperada". Os poemas, segundo o autor, "remetem para grandes vozes da tradição portuguesa porque a minha poesia inscreve-se nessa grande tradição lírica portuguesa, que começa em Camões, passa no século XIX por Cesário Verde, e continua no século XX por nomes que trabalharam esse aspeto lírico, como Jorge de Sena, Mário de Sá-Carneiro, Eugénio de Andrade ou Sophia de Mello Breyner. É por aí que passa, mais do que por Fernando Pessoa."»
Manuel Alberto Valente em entrevista ao DN.