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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«Poucos, como o argentino Jorge Luis Borges, terão sabido tratar do leitor com tamanha adulação, colocando-o no papel principal das suas histórias. No prólogo da primeira edição de “História Universal da Infâmia” (Quetzal, 2015), escrito em 1935, Borges escreveu isto: «Por vezes creio que os bons leitores são cisnes ainda mais tenebrosos e singulares que os bons autores.»

Referindo que os «exercícios de prosa narrativa» que formam o livro derivam das suas releituras de Stevenson e de Chesterton – e também dos primeiros filmes de Von Sternberg e de alguma biografia de Evaristo Carriego -, Borges radiografa desta forma as grandes histórias presentes neste pequeno livro: «Abusam de alguns processos: as enumerações díspares, a brusca solução de continuidade, a redução da vida inteira de um homem a duas ou três cenas.»

Pedro Miguel Silva, Deus Me Livro

 

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«Mal-entendido em Moscovo, uma memória ficcional de publicação póstuma (1992), é publicado ao mesmo tempo que a reedição de O Segundo Sexo (também pela Quetzal Editores), um volumoso discurso sobre a ‘condição feminina’ escrito em fins dos anos 40 do século XX. Os dois livros cobrem uma grande parte das várias facetas de Simone de Beauvoir, cuja vida e obra atravessam o meio do século XX, alguns dos seus combates culturais e das suas contradições. Educada em colégios de freiras e devota, cedo se tornou ateia militante; ícone do feminismo, ficou para sempre, por ironia do destino, amarrada à sua relação conjugal vitalícia com Jean-Paul Sartre e ao ‘tórrido’ romance que manteve com o escritor americano Nelson Algren (de que ela gostava, pecaminosamente, de se chamar ‘mulher’, com anel no dedo). A sua relação com Sartre, diz a badana de Mal-entendido em Moscovo, pautou-se por padrões de ‘abertura e honestidade’, a que outros chamariam frieza, despudor e promiscuidade – e num certo caso as autoridades académicas chamaram desvio de menores. Não foi decididamente ‘a menina bem comportada’ do título irónico do primeiro dos seus volumes de memórias.»

 

Miguel Freitas da Costa, Observador

 

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«Se não tivesse outras qualidades (que tem), esta biografia teria a de ser a primeira de Agostinho da Silva. Ele que, entre outras coisas, foi um grande biógrafo, encontra aqui um amplo terreno para um percurso que parece pedir o chavão de maior do que a vida. Apesar de um estilo por vezes demasiado encorpado, com frases muito extensas, de labor intrincado, há outros aspectos a ter mais em conta: os temas versados (uma imensidão), os anos cobertos (uma vida de quase 90 anos), a multiplicidade de fontes (entre próprias e alheias, mais as primeiras, diga-se).»

 

Hugo Pinto Santos, Time Out

 

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A 10 de abril nas livrarias.

 

«A crítica internacional tem posto o escritor chinês Mai Jia nos píncaros da lua. É um novo nome, um entre tantos milhões de habitantes da República Popular da China, país onde o número de escritores tornados conhecidos no Ocidente é ínfimo. […]

Ignoremos o que se diz sobre o romance de Mai Jia e vamos à sua leitura. Cifra é uma narrativa que surpreende pelo inesperado de se ler um autor chinês com uma história que é uma espécie de thriller, só que mais inteligente do que a maioria destes “produtos” e com temas e abordagens que jamais se esperariam de um autor daquela parte do mundo. Isto porque Mai Jia não perde o pé na história milenar da China e utiliza muitas das suas passagens como cenário deste Cifra, balanceando em tempo certo a narrativa com geografias orientais e modos de pensar ocidentais.»

João Céu e Silva, Diário de Notícias

 

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E vamos dando conta das primeiras reacções na imprensa portuguesa:

 

«"Cifra". O título é o do livro mas também serve na perfeição para classificar o percurso de Jiang Benhu, escritor chinês que se estreou com esta história em 2005 e precisou de quase uma década para chegar ao resto do mundo (traduzido para inglês no ano passado, publicado neste 2015 entre nós). Para todos os efeitos, esteve codificado até agora - uma vez disponível aos olhos e à imaginação de todos tem-se revelado autor de sucesso, best-seller, tesouro escondido e outros epítetos da mesma classe. Porque sempre fez jogos com a linguagem, assina com outro nome, Mai Jia, mas logo à primeira publicação quebra uma das mais elementares regras da privacidade e do secretismo: assina ficção com ingredientes reais, pedaços de biografia incluídos. Mas a verdade é que nem por isso se dá a conhecer na totalidade. Quem é que vai conseguir descortinar o que é facto e o que não é?»

Ler o artigo completo no i.

 

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«Com efeito, não existe passado literário em Portugal para o estilo de Pedro Vieira, o qual não se resume a adornar a narração de uma história, uma simples história (pecado maior do atual romance português),mas, tal como o de Raul Brandão e o de Lobo Antunes, a evidenciar, por meio da caracterização das personagens, segundo uma leitura satírica, traços fundamentais da cultura portuguesa e do comportamento idiossincrático dos portugueses, revolucionados neste princípio de século.

A obra do autor reflete, justamente, esta revolução mental e comportamental que sucede todos os dias à nossa frente e que escritores mais velhos, obcecados com o Portugal saído do 25 de Abril, não traduzem na sua obra. Há, indubitavelmente, uma atualização temática da sátira em Pedro Vieira, que se junta, assim, na sua prática, a Rui Zink e a Manuel da Silva Ramos.

É, assim, por força do seu estilo, que a obra de Pedro Vieira, constituída apenas por dois livros de ficção, se singulariza no panorama do romance português dos princípios do século XXI, ganhando jus, por mérito próprio, a ser considerado um autor de culto entre os leitores de 20 e 30 anos (que dominam o jargão suburbano americanizado e informático dos seus livros) e, provavelmente, no futuro, da generalidade do público.»

Miguel Real, Jornal de Letras

 

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Amanhã, dia 7 de abril, a RTP2 exibe, às 23h25, um documentário da autoria de António-Pedro Vasconcelos e Leandro Ferreira sobre J. Rentes de Carvalho. A não perder:

«J. Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia, mas a sua ascendência transmontana traçou o seu carácter e marcou a sua vida e a sua obra, sendo o seu romance "Ernestina" considerado a obra máxima da literatura portuguesa protagonizada pelas gentes de Trás-os-Montes. Tornou-se um cidadão do mundo, porque muito cedo afirmou as suas ideias e se revoltou contra o regime "salazarento", opressivo, mesquinho e ditatorial que então governava Portugal. Viveu sucessivamente no Rio de Janeiro, S. Paulo, Nova Iorque e Paris, até se fixar em Amesterdão, em 1956, onde se licenciou com uma tese intitulada "O Povo na Obra de Raul Brandão". Na Universidade de Amesterdão foi professor de Literatura Portuguesa entre os anos de 1964 e 1988. Vivendo na Holanda, mas sempre com um pé em Portugal, J. Rentes de Carvalho é um observador de duas realidades e dois povos, que vê como diferentes em quase tudo e com mordacidade se habituou a criticar e desmistificar. Foi assim que surgiu o convite para escrever um livro precisamente sobre os holandeses, "Com os Holandeses", uma obra "de escárnio e maldizer" sobre "um povo demasiado arrumado, bruto, obediente e desapaixonado", que curiosamente teve uma aceitação aparentemente improvável por parte dos holandeses e se tornou um best-seller logo que foi publicado, em 1972, e já vai na 13ª edição. O livro só foi publicado em Portugal em 2009 e isso é resultado de uma espécie de recusa que os jornais e revistas da especialidade tiveram até então em divulgar a obra de J. Rentes de Carvalho ou sequer em lê-la. Mas mesmo agora, J. Rentes de Carvalho não deixou, nem se deixa iludir com o ambiente cultural português, que caracteriza com a sua mordacidade habitual: "A julgar pelo que conheço e pelo que leio nos jornais e semanários portugueses, o país brilha em todos os campos. O cinema, a literatura, as artes plásticas, a música, pelos jeitos tudo isso ferve, e quase não se passa semana sem o anúncio da aparição de um génio. O mundo, infelizmente, parece não se aperceber de tanta genialidade".» Aqui.

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«"O Que Não Pode Ser Salvo", o título, é uma pergunta ou uma afirmação?

É algo que deixo à interpretação. O título, como muitas coisas que escrevo, é um reaproveitamento de outras coisas. Isso é uma tradução tosca de uma passagem da peça "Otelo", do Shakespeare. De alguma maneira, quis fazer um "Otelo" de pechisbeque, uma versão à portuguesa do "Otelo", sem gôndolas e com cacilheiros, mas com água também. No primeiro acto do "Otelo" há uma personagem que diz qualquer coisa como: "O que não pode ser salvo quando a fortuna intervém." Fortuna, entenda-se destino, sorte. Achei que se enquadrava, é uma tradução completamente livre.»

 

Pedro Vieira em entrevista ao i.

 

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