«Há muito que os livros de W. G. Sebald ganharam o rótulo de obras-primas. Ilusória e incatalogável, a prosa de Sebald navega entre a meditação e a elegia, a fotobiografia e o livro de memórias, a prosa e a poesia, a história e a invenção. Segundo ele, a sua escrita é “uma metáfora ou alegoria de um evento histórico colectivo.”
Nascido na Alemanha em plena Segunda Guerra Mundial, a sua vida e obra cresceram à sombra de um eterno conflito que, mesmo após o cessar do último tiro, continuou a travar uma luta imensa na sua alma. Nos seus livros, para além da evocação de escritores como Kafka, Benjamin ou Conrad, há a presença constante e ameaçadora da sombra da História: o imperialismo europeu, a destruição ambiental e o Holocausto moram em todas as obras. Sebald será uma espécie de arqueólogo da desgraça, um coveiro da melancolia, mas o seu grande triunfo é o de conseguir dotar de esperança um cenário que parece estar apenas reservado à dor e à morte.»
Pedro Miguel Silva, Rua de Baixo