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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«Há muito que os livros de W. G. Sebald ganharam o rótulo de obras-primas. Ilusória e incatalogável, a prosa de Sebald navega entre a meditação e a elegia, a fotobiografia e o livro de memórias, a prosa e a poesia, a história e a invenção. Segundo ele, a sua escrita é “uma metáfora ou alegoria de um evento histórico colectivo.”

Nascido na Alemanha em plena Segunda Guerra Mundial, a sua vida e obra cresceram à sombra de um eterno conflito que, mesmo após o cessar do último tiro, continuou a travar uma luta imensa na sua alma. Nos seus livros, para além da evocação de escritores como Kafka, Benjamin ou Conrad, há a presença constante e ameaçadora da sombra da História: o imperialismo europeu, a destruição ambiental e o Holocausto moram em todas as obras. Sebald será uma espécie de arqueólogo da desgraça, um coveiro da melancolia, mas o seu grande triunfo é o de conseguir dotar de esperança um cenário que parece estar apenas reservado à dor e à morte.»

 

Pedro Miguel Silva, Rua de Baixo

 

Esta é a grande biografia de Mao Tsé-Tung, o livro que resultou de mais de uma década de pesquisa e de inúmeras entrevistas com muitos dos que privaram com Mao dentro da China, e com todos os que com ele tiveram contactos relevantes no estrangeiro.

Pródigo em revelações surpreendentes, Mao, A História Desconhecida arrasa com os mitos (o da Longa Marcha, por exemplo, ou o de uma conduta norteada por ideais e ideologias), mostrando a forma como ascendeu ao poder e liderou a China num regime de coação, intriga e chantagem, que se saldou no extermínio de dezenas de milhões de chineses – 38 milhões morreram durante a maior fome da História; ao todo, mais de 70 milhões foram vítimas da governação de Mao – em tempo de paz.

E se por um lado explora a personalidade de Mao na sua atuação pública e política, revela, por outro, as histórias desconhecidas (e verdadeiramente cruéis) da sua vida privada e íntima – com os filhos, as mulheres e as amantes.

Mao, A História desconhecida, de Jung Chang – autora do romance Cisnes Selvagens – em colaboração com o marido, o historiador britânico Jon Halliday, considerado livro maldito e totalmente banido da China, é um documento fascinante quer para o leitor especializado, quer para o leitor comum.

 

 

 

Jorge Ferreira, «o conde», recebe na sua quinta algarvia uma jovem e bela inquilina inglesa, que pretende escrever um livro. O anfitrião é um homem educado, atraente e rico, mas em extremo reservado – não se lhe conhecem amigos, amantes ou relações familiares –, que partilha a grande casa senhorial com duas amas e uma governanta. O seu passado esconde um trauma que o acompanha até hoje e que ele pretende eliminar da memória. Pelo contrário, Sarah Langton, filha de um milionário italiano, é impulsiva e aventureira, «viciada em liberdade» – o que não consegue conciliar com a reclusão e a disciplina que a escrita exige. Tudo parece concorrer para que estas duas personagens se aproximem lentamente e que comecem a processar o que as atormenta (a Jorge, os episódios do passado; a Sarah, extrema dificuldade em escrever alguma coisa pertinente para o seu livro misterioso). Mas a súbita visita de «Biafra» – «vistoso fato de linho branco, cravo na botoeira, panamá na mão» –, que vem para tentar uma pequena chantagem, dá lugar a uma cascata de revelações, desenlaces, homicídios, suicídios e desaparecimentos entre a Nigéria, Marrocos, Algarve, Londres e Amsterdão, tendo como pano de fundo o tráfico de diamantes e um país corrupto e corrompido, entregue aos seus segredos de família.

Mentiras & Diamantes, o mais recente e inédito romance de J. Rentes de Carvalho, é um thriller habilmente construído e uma narrativa implacável, violenta e sexy. E um maravilhosamente obscuro objeto de suspense.

 

«Publicado em 1999, Amuleto é um romance breve que funciona como uma ponte entre as duas monumentais obras-primas de Roberto Bolaño: Os Detectives Selvagens (1998) e o póstumo 2666 (2004). Os livros do escritor chileno, embora autónomos, estão imbricados uns nos outros. Têm vasos comunicantes. Partilham temas, obsessões e personagens. Nas mais de mil páginas de 2666 não se encontra uma única frase que justifique o título, mas numa cena noturna deste Amuleto, com três personagens à deriva pela Cidade do México, a explicação surge quase como um prenúncio: no desamparo da madrugada, a Avenida Guerrero parece-se com “um cemitério de 2666, um cemitério esquecido sob uma pálpebra morta ou nascida morta, as aquosidades desapaixonadas de um olho que por querer esquecer uma coisa acabou por esquecer tudo.”»

 

José Mário Silva, no Expresso, dá cinco estrelas ao livro de Roberto Bolaño

 

«Vasco Rosa acrescentou em cerca de 50 o número de escritos dispersos de Raul Brandão (1867-1930) que já reunira num livro anterior. A tarefa a que pôs ombros é digna de um rato de biblioteca. É que só através de autênticas escavações por publicações periódicas foi possível alargar o conhecimento da actividade jornalística do autor de Os Pescadores

 

Diogo Ramada Curto, Ípsilon

«O que mais se destaca neste conjunto de textos de imprensa é a qualidade da prosa. E o negrume. Por todo o lado há húmus, pescadores, amargura infinita, água escura, ventania, «noite camilesca» e revolta. Camilo, o génio que em nada deixa de meter coração e raiva, é o seu modelo, até porque encontra dor em tudo: «Camilo, pelo seu tipo de romântico, com a vida batida a galopadas, de raptos, de amores, de rija pancadaria» (p. 80). No enterro de Guerra Junqueiro, o cronista recorda os humildes, os pastores, as mulheres parindo filhos para a desgraça e a dor (p. 75). Silva Pinto é menos a sua obra do que um homem apegado à bengala, arrastando uma perna, com os cabelos já brancos e agitados, e sempre furioso com todos: «Se há homens que nascem com esta sina, sofrer, Silva Pinto é um desses» (p. 102). Aníbal Fernandes Thomaz, homem de biblioteca «que cheira um nada a bafio», confessa-lhe: «O que eu tenho sofrido!...» (p. 108). Com a sua pomposidade, Almeida Garrett é uma caricatura andante que envergonha: «quando um janota qualquer finge que tem cabelos e se aperta com um espartilho, não sofre: a futilidade dá-se bem com a futilidade. Mas um homem de génio nunca desce, sem sentir que se rebaixa.» (p. 72). É caso para dizer que os livros, os lugares e as pessoas (povo, amigos escritores) são construções de Raul Brandão, são o próprio Raul Brandão. O mundo existe no interior do escritor. As pessoas e os lugares são como ele os imagina. Nada existe fora do cérebro porque no fundo a única realidade existente é o eu.»

 

Paulo Rodrigues Ferreira, Orgia Literária

 

Até dia 30 de junho é possível ir até Barcelona e ver a exposição Archivo Bolaño 1977-2003, no CCCB - Centre de Cultura Contemporània de
Barcelona
. Passam este ano dez sobre a morte do autor de 2666 e esse é o pretexto para essa mostra. Isabel Coutinho fala dela no Ípsilon de hoje, edição em papel ou para assinantes, e dela dá também conta a reportagem de Cassiano Ellek Machado, na Folha de São Paulo

 

 

 

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