Não é muito mais do que a ligação entre os livros. E, às vezes, é feito de acasos. Na página 438 de O Sonho do Celta, na longa lista de agradecimentos, está o nome de Héctor Abad Faciolince.
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Não é muito mais do que a ligação entre os livros. E, às vezes, é feito de acasos. Na página 438 de O Sonho do Celta, na longa lista de agradecimentos, está o nome de Héctor Abad Faciolince.
O Sonho do Celta baseia-se na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico no Congo belga, em inícios do século XX – e que durante duas décadas denunciou as atrocidades do regime colonial, antes de rumar à Amazónia peruana. É no cenário deslumbrante e perturbador do rio Congo, revelado por Roger Casement ao escritor Joseph Conrad – e de que este se serviu para o seu romance O Coração das Trevas– , que Mario Vargas Llosa situa no início do seu livro. Roger Casement, defensor dos direitos humanos, nacionalista irlandês, condenado à morte por traição, é mais do que um personagem de romance; a sua vida extraordinária, cheia de aventuras, ousadias, sonhos e perseguições é também um fragmento da história da humanidade que não desiste de ser humana e justa, apesar das muitas desilusões que a cerca.
O Sonho do Celta, de Mario Vargas Llosa | série américas
Tradução de Cristina Rodriguez
440 páginas
... e o fundamental não vai mudar.
Lançado há menos de vinte dias em Espanha e no Peru, O Sonho do Celta, de Mario Vargas Llosa, chega este fim-de-semana às livrarias portuguesas, com a chancela da Quetzal e na tradução de Cristina Rodriguez.
Uma obra sobre alguém que foi muitos personagens de cada vez, com incongruências e contradições na sua biografia. Um romance motivado pela atracção de Vargas Llosa pela dualidade deste celta, «entre um herói e um ser humano normal».
No Público de amanhã (edição em papel), pode ser lido um excerto do livro.
Roger Casement. Este homem, amigo de Joseph Conrad (e que o guiou numa viagem pelo Rio Congo, revelando-lhe uma realidade mais tarde retratada no romance O Coração das Trevas), teve uma vida extraordinária, plena de aventura. Acérrimo defensor dos direitos humanos - como também o comprovam os relatórios que redigiu durante a estadia na Amazónia peruana - militou activamente, no fim da sua vida, o nacionalismo irlandês, acabando condenado à morte por traição e executado.
Quando Mario Vargas Llosa nasceu, em Março de 1936 – em Arequipa, no Peru – os seus pais estavam separados. Fez os estudos de primeiras letras na Bolívia e regressa ao Peru em 1945, altura em que, finalmente, conhece o seu pai. Aos 17 anos decide estudar Letras e Direito e, no ano seguinte, casa com a sua tia Julia Urquidi - assegurando a subsistência com trabalhos muito diversos, desde conferir e rever os nomes das lápides dos cemitérios até escrever para a rádio ou catalogar livros. Em 1959 abandona o Peru e, graças a uma bolsa, ingressa na Universidade Complutense de Madrid, onde conclui um doutoramento que lhe permite cumprir o sonho de, um ano depois, se fixar em Paris, onde, sempre próximo da penúria, foi locutor de rádio, jornalista e professor de espanhol – tinha apenas publicado um primeiro livro de contos. Regressa ao Peru em 1964, divorcia-se de Julia Urquidi e casa-se no ano seguinte com a sua prima Patricia Llosa, com quem parte para a Europa em 1967 (depois de ter publicado a A Casa Verde, em 1966), tendo vivido até 1974 na Grécia, em Paris, Londres e Barcelona – após o que regressa ao Peru. O seu afastamento em relação ao regime de Havana (que visitara pela primeira vez em 1965) irá marcar toda a sua biografia política e literária a partir de 1971, dois anos depois da publicação de Conversa na Catedral. Em Lima pode, finalmente, dedicar-se em exclusivo à literatura e ao jornalismo, nunca abandonando uma intervenção política que o levou a aceitar a candidatura à presidência da República em 1990. Vive em Londres desde essa época, escrevendo romances, ensaios literários, reportagens e percorrendo o mundo como professor visitante em várias universidades. Entre os muitos prémios que recebeu contam-se o Rómulo Gallegos (1967), o Princípe das Astúrias (1986) ou o Cervantes (1994).
Foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2010. «A mí me encontrará la muerte con la pluma en la mano», disse recentemente ao ABC.
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