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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

 

 

 

Este livro explora uma faceta pouco conhecida das relações pessoais (além das políticas, óbvias) que Salazar mantinha com as famílias mais ricas e poderosas de Portugal de então (que são, na maior parte dos casos, as mesmas de hoje): os Mello, os Espírito Santo, os Champaullimaud, entre outros. Fruto de um grande trabalho de investigação, que envolveu também depoimentos de descendentes e amigos desses nomes da grande indústria e da grande finança, este livro revela factos surpreendentes e documentação inédita.

 

Nas livrarias a 27 de Novembro.

 

Lançamento a 25 de Novembro, na Fnac Vasco da Gama,

com apresentação de António Costa Pinto e Rui Ramos.

«E todos se debruçaram sobre a mão bordada, os olhos subitamente húmidos e os lábios trementes. E o choque e a certeza de estar perante alguém que vinha do Lugar Afortunado provocou na multidão um efeito imprevisível de histeria. Diz-nos, onde está, pediram. Pareces uma pessoa de bom coração, tens de te apiedar de nós, os que temos vivido em desgraça, Toma, dou-te isto e tudo o mais que tiver se me contares como é que se vai para lá, A mim, diz-me a mim, aqui, junto ao ouvido, se não queres que mais ninguém saiba…»

 

Mais um excerto de O Mundo Branco do Rapaz-Coelho, de Possidónio Cachapa, que chega às livrarias no próximo dia 20.

 

 

«Está quase na hora de a Bruna levantar e ir para o banho. Velho safado. Dorme com uma, acorda com outra. Júnior toma outro copo de café e volta para o sofá. Mantém os ouvidos alertas, mas o silêncio, ou algo muito próximo disso, desarma sua consciência. Júnior dorme. 


Acorda com o irritante som do despertador no quarto de Bruna. No mesmo momento a porta do armário do pai começa a ranger. Constrangido, Júnior cobre a cabeça com a cabeça ensebada. Ainda assim percebe quando a porta do quarto de Bruna se abre e quando a do banheiro se fecha, segundos depois. 0132008601. Atuador de marcha. Imagina que essa deve ser a parte de maior expectativa. O momento da espera. Quando Bruna retorna ao quarto envolvida na toalha de banho e começa a secar o seu pálido corpo. Ouve a descarga. Ouve o chuveiro sendo ligado. Sente algo em suas costas e salta temendo a barata. Não consegue enxergar. Pisa num caco do copo e cai sentado no sofá. É apenas uma lasca de vidro, mas dói. Não era barata, era só uma sensação. Consegue tirar a lasca de vidro. Bruna sai do banho, avista a silhueta de Júnior.


- Bom dia.

- Bom dia, Bruna.

- Você me assustou.

- Desculpe.

- Eu me tinha esquecido de você, quer dizer, que você está morando aqui.

- Por que não se troca no banheiro? É perigoso pegar uma corrente de ar...

- Porque não tenho onde deixar a roupa que vou vestir. Eu pedi pro seu pai comprar um daqueles ganchos que você pendura atrás da porta, mas ele nunca se lembra de comprar. Como chama aquilo?

- Acho que se chama gancho mesmo. Pode deixar, eu vou providenciar isso para você.

- Não. Deve ter um nome. Tudo tem um nome. Tudo o que existe.

- É verdade. Até o que não existe tem nome.

- Até o que não existe?

- É.

- Dá um exemplo.

- Dragão.

- Mas dizem que um dia existiu.

- Não, os dragões nunca existiram.

- Não gostei desse exemplo, dê outro.

- A Medusa...

- Não, um exemplo de algo que não seja mitológico.

- Deixa eu pensar...


Júnior não consegue trazer nada à mente.


- É melhor eu pôr a roupa antes que pegue essa tal corrente de ar.


Bruna fecha a porta. Sênior deve ter ficado ansioso com a demora. Deve ter ouvido os outros conversando. Esse pensamento traz um quase-sorriso ao rosto de Júnior. Agora ela deve ter largado a toalha. Júnior vai para a área de serviço. Numa das mãos o cigarro, na outra segura a pá do lixo, por precaução. Ela vai reclamar do cheiro do cigarro, mas Júnior precisava disso.

Ainda procura lembrar-se de algo que tenha nome e não exista.»

 

Excerto de A arte de produzir efeito sem causa, de Lourenço Mutarelli, um dos distinguidos com o Prémio PT Literatura, anunciado ontem à noite, em S. Paulo. Será publicado em Portugal em Fevereiro de 2010.

 

 

 

«Lajos é um vencido pela vida, que não tem controlo sobre as suas personagens; o Luís tem total controlo sobre os seus personagens; Lajos vai-se apagando com a vida, o Luís vai-se iluminando»

 

João Villalobos na apresentação de Territórios de Caça, citado pelo Diário de Notícias.

 

«Uma obra algures entre o hambúrguer e a nouvelle cuisine: "Alimenta, é sólido do princípio ao fim e desperta o apetite". Mas também houve "Nocturno", de Aleksander Porfirivitch Borodin, e uma prenda de aniversário atrasada…»

 

E o relato de Pedro Justino Alves, no Diário Digital.

 

Para que se saiba como foi o lançamento do novo livro de Luís Naves. Ontem, na Bertrand do Chiado, com música, antes de tudo.

 

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