Patagónia, fim dos anos 1990. Uma onda de suicídios conternou Las Heras, uma pequena povoação-fantasma, perdida no vasto Sul argentino, outrora florescente, antes da privatização do petróleo. Todos os suicidas tinham cerca de vinte e cinco anos e eram membros bem integrados na comunidade: filhos de famílias modestas, mas tradicionais. Muito estranho também é que nunca tenha sido feita uma lista oficial dos mortos.
Leila Guerriero viajou até àquelas paragens, interrogando familiares e amigos, percorrendo as mesmas ruas que esses jovens haviam percorrido, e visitando cada recando do pueblo. Daí resultou um relato descarnado e preciso, que não só reconstrói os acontecimentos trágicos desses anos, como também traça um retrato magnífico do quotidiano de uma povoação afastada dos grandes centros urbanos- Las Heras, com o seu desemprego maciço e a falta de futuro para os mais jovens, constitui ainda um enigma sem resolução: os suicídios, qual destino funesto, sucedem-se até hoje.
Os Suicidas do Fim do Mundo é uma crónica inquietante que se lê com o fascínio que nos suscitam alguns romances, e que revela uma realidade marcada pelo horror, pelos preconceitos e pela indiferença.
Os Suicidas do Fim do Mundo, de Leila Guerriero | série américas
Nas livrarias a 3 de Abril.