Quando, naquele dia, voltava do liceu para casa, o autocarro em que seguia foi interceptado por três homens de UZIs e máscaras de Bin Laden, e Michael Philips — um adolescente norte-americano a viver no Rio de Janeiro — foi raptado e levado para um morro. Aí ficará em cativeiro, à espera que os seus sequestradores recebam o resgate. Este miúdo é negro e adora basquete e jazz. He-man, chefe do morro e da «célula terrorista» que praticou o rapto, é um miúdo branco, franzino e pouco mais velho do que o rapaz sequestrado e tem ambições musicais: He-man quer ser rapper. Para cuidar de «Maicon Filipe», He-man destaca uma das suas namoradas, a boazona Jô. Está assim constituído o triângulo afectivo-musical, e o trio de narradores de Black Music. Fugindo a registos realistas e hiperrealistas com que a literatura habitualmente trata o problema social das favelas e da criminalidade, Arthur Dapiève compõe esta história (e a de cada um dos seus personagens) como um diálogo em que mundos e referências musicais se cruzam, bem como sonhos e paixões. Black Music é uma nova forma de contar a violência.
Black Music, de Arthur Dapieve | série língua comum. Nas livrarias a 9 de Abril.