O fogo. Sempre à solta nos montes. Podíamos vê-lo de onde estávamos, praticamente à mesma altura da estrada de alcatrão. Via-se bem a zona de onde eu e o meu irmão tínhamos saído. O fogo já nem estava apenas no medronhal, tinha também chegado aos montes em que havia sobreiros. Os sobreiros seculares daquele monte, muitos, dezenas, centenas, e os mais novos, até os que ainda tinham apenas cortiça brava. Talvez alguns dos mais pequenos escapassem, porque o que nós víamos, eu, o meu irmão, os meus pais, o que nós víamos era o avanço voraz das chamas pelas copas das árvores maiores, que invariavelmente se tocavam. Se no medronhal, e antes nas estevas, o avanço era do chão até toda a altura da vegetação, naquele montado bem antigo era por cima, pelas copas. Parecia inclusive mais rápido.