Foi na Rakushisha - cabana dos dióspiros caídos -, nos arredores de Kyoto, que o poeta viajante Matsuo Bashô, imortalizado pelos seus haikai, se hospedou na sua última viagem e redigiu um dos seus diários. E foi no metro do Rio de Janeiro que Haruki e Celina se conheceram. Ele folheava um livro em japonês, de cuja ilustração fora incumbido; ela era uma mulher triste e etérea, «pedaço de céi recoberto pela fina epiderme humana», que se aproximou dele com curiosidade pelo exótico escrito.
Unidos pelo acaso e pelo texto do Bashô, em breve partiriam para Kyoto, em busca de coisas indefinidas, fios de teia de aranha, numa viagem de descoberta do Japão moderno e de si próprios. As vozes dos dois protagonistas e os versos do poeta japonês entretecem-se num registo depurado, a que não falta nem sobra uma só palavra, que faz de Rakushisha um romance haikai.