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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

"A escrita de Miriam Toews é de uma grande elegância, conciliando um humor refinado com fortes vagas de melancolia, desespero e saudade. A vida de Irma Voth é a saga de uma (quase) adolescente, obrigada a tornar-se adulta por vontade própria mas, também, por uma religião habitada pela intolerância. Nesta travessia, ao mesmo tempo que se fecha uma porta onde se deixa trancada a culpa, na incerteza de se esta conseguirá alguma vez voltar a brincar lá fora, abrem-se as portadas de uma janela com vista para a esperança. O futuro pode então começar."

 

Pedro Silva, Rua de Baixo

 

«O maior dos poetas latino-americanos, o brasileiro Guimarães Rosa, escreveu: «As estórias não se desprendem apenas do narrador, sim o performam; narrar é resistir.» E tal afirmação assenta como uma luva à nova geração de escritores uruguaios, entre cujos nomes se destacam Carlos Liscano, Leonardo Rossiello e Mario Delgado Aparaín.

Se houve um país da América Latina em que as botas militares se encarniçaram contra a literatura e os escritores durante o obscuro decénio das ditaduras, foi o Uruguai. Praticamente todos os escritores uruguaios passaram pela prisão, pelas torturas e pelo exílio. Foram muito poucos, escassíssimos, os que conseguiram sobreviver no Uruguai à barbárie fardada, mas sem a menor hipótese de publicarem uma só sílaba: para a ditadura, escrever era sinónimo de subversão.

Mario Benedetti, Cristina Peri Rossi, Eduardo Galeano, Marta Traba, Ángel Rama, Leonardo Rossiello, tiveram de partir para o exílio. Outros, como Mauricio Rosencoff e Carlos Liscano, permaneceram durante treze anos em prisões da ditadura. Mario Delgado Aparaín deambulou pelo país à procura de trabalho como jornalista e acumulando

as matérias-primas da sua narrativa. Entre todos, mantiveram viva a literatura uruguaia, e não só: fizeram dela uma das literaturas mais sugestivas da América Latina.

Em outubro de 1993 eu ainda só tinha lido um livro de Mario Delgado Aparaín, o romance El día del cometa, e o seu nome era ainda matéria pendente para mim. No entanto, por mais obras do autor que procurasse, não conseguia encontrar nenhuma. Até que um dia, estava eu de viagem num comboio de Frankfurt para Hamburgo, se sentou à minha frente um casal de desconhecidos. Mal se instalaram, pegaram num livro que começaram a ler a quatro

olhos. Liam-no com aquele tipo de avidez e prazer que provoca inveja, que supera qualquer pudor e nos impele a esticar o pescoço para ver se conseguimos descortinar o título do livro, pelo menos. Isto no caso de os leitores que tivermos diante de nós não serem como os que eu tinha: tão cuidadosos que forram os livros. Via-os fruir da leitura enquanto me esforçava por me concentrar numa pavorosa biografia de Heidegger que alguém me ofereceu não sei se

para alimentar a minha exangue cultura geral, se por vingança.

Liam, ficavam sérios, riam. De repente, alguém anunciou o bar ambulante e ouvi-os falar um com o outro no doce espanhol dos uruguaios acerca do que deveriam pedir.

A mulher queria café e o homem assentiu.

— Os senhores são uruguaios? — perguntei.

Apresentámo-nos. O casal de uruguaios atravessava a Alemanha rumo a Estocolmo. Após trocarmos algumas frases, descobrimos que tínhamos amigos comuns na Suécia,

e então esquecemos o café e pedimos uma garrafa de vinho.

— Nunca pensei que fosses latino-americano. Tens uma cara tão séria — disse a mulher.

— Pois é. Estavas a olhar para nós com cara de gastroenterite. Como um alemão — precisou o homem.

Então, expliquei-lhes que o que eu tinha era uma curiosidade imensa em relação ao que estavam a ler com tanto interesse. Foi assim que me veio parar às mãos, pela primeira vez, A Balada de Johnny Sosa

 

Do prefácio de Luis Sepúlveda

 

Na próxima quinta-feira, dia 31 de janeiro, no auditório do Teatro do Campo Alegre, as já célebres Quintas de Leitura terão como convidada a poeta Maria do Rosário Pedreira, recentemente distinguida com o Prémio Literário Fundação Inês de Castro 2012 pelo livro A Ideia do Fim, incluído na Poesia Reunida, publicada pela Quetzal em 2012.

 

A primeira parte, apresentada pelo escritor Valter Hugo Mãe, contará com leituras de Sara Carinhas, Susana Menezes, Pedro Lamares e da própria Maria do Rosário Pedreira. Na segunda parte haverá um concerto de Aldina Duarte, fadista que tem no seu repertório diversos fados com letra da poeta.

 

Será também uma oportunidade para celebrar a recente distinção com o Prémio Literário Fundação Inês de Castro, entregue anualmente a obras de expressão literária sobre motivos do mito «inesiano».

 

O júri, composto por José Carlos Seabra, Mário Cláudio, Fernando Guimarães, Frederico Lourenço e Pedro Mexia, escolheu a obra de Maria do Rosário Pedreira, que assim sucede a outros nomes grandes da literatura portuguesa como Pedro Tamen, Teolinda Gersão, José Tolentino de Mendonça, Hélia Correia e Gonçalo M. Tavares.

 

 

 

Organizado por Vasco Rosa, este volume de escritos dispersos de Raul Brandão chega às livrarias a 22 de fevereiro.

 

«Recolhido de quase quarenta publicações de todo o tipo, calibre e geografia, emerge um imenso corpo textual de nítida proximidade com os temas recorrentes de Raul Brandão, que algumas vezes, e a considerável distância temporal, serve de base a passagens das suas Memórias, outras comenta livros da época, outras ainda, como os verbete do Guia de Portugal, desdobra a escrita impressionista de Os Pescadores e de As Ilhas Desconhecidas, ou enfatiza todo o seu envolvimento com o teatro e desde muito cedo (1892 e 1895, como é habitualmente dito). Fica também em evidência a atenção central concedida a Columbano Bordallo Pinheiro e a Guerra Junqueiro, a sua compaixão por Almeida Garrett janota, impiedosamente troçado nas gazetas e nas tertúlias, o seu fascínio por Camilo Castelo Branco, e traz-se a primeiro plano a «História do batel Vai com Deus e da sua campanha», folhetim da nossa vida piscatória claramente preanunciador de Os Pescadores, escrito duas décadas depois. As suas reportagens sobre jovens delinquentes, sem-abrigo, presos ou hospiciados de Lisboa, que Guilherme de Castilho mencionara e depois dele José Cardoso Pires, podem ser lidas neste volume de A Pedra Ainda Espera Dar Flor

 

Vasco Rosa

 

"Os escritores Vasco Graça Moura e Daniel Jonas, o realizador Miguel Gomes, e o fadista Camané foram distinguidos com o Prémio Europa - David Mourão Ferreira 2010-2012, anunciou hoje o Instituto Camões. [...] Na categoria Mito, que visa galardoar a carreira de uma personalidade eminente da cultura lusófona que se tenha distinguido no campo das letras e das artes, os premiados foram o escritor e poeta Vasco Graça Moura e o fadista Camané."

 

Ler aqui a notícia completa.

 

"Este livro está dividido em duas partes: “Partidas” e “Chegadas”. Há uma viagem pela palavra, por lugares, talvez uma viagem dentro de ti. Fala-nos dela.


A minha poesia é muito biográfica, muito geográfica, é uma poesia do espaço e do tempo. Nestes poemas, como noutros, tentei parar para reaprender a olhar, tentei re-parar (repetir a paragem). Os poemas da primeira parte trazem valores universais como a beleza, a arte, o tempo, a história, a memória, a tradição, o amor, o desejo, a amizade, e esses situei-os, não por acaso, numa geografia europeia. Na segunda parte verifica-se um regresso à prosa dos dias (Manuel António Pina), à forma como a realidade se nos impõe num quotidiano menos abstracto, mais concreto, onde os valores são necessariamente outros, não são necessariamente melhores. Esses poemas situei-os em Portugal, o que faz deste livro, talvez, o meu livro mais político.


A dada altura, em “Chegadas”, surge um poema intitulado “Poeta marca território”. Como gostarias que a tua poesia marcasse para além de ti?


Como acontece com os gatos (“os gatos são poesia, os cães são prosa”), acontece-me marcar o território lá em casa com tinta de caneta, nos lençóis, nos sofás, nos tapetes, para desalento de quem deles cuida… É difícil responder. Seguramente que gostaria que algum poema ficasse. Não acredito verdadeiramente que se possa prever como um poema vai ser lido uma, duas gerações depois. A minha ocupação é publicar poemas com os quais me identifico na altura em que os escrevo, tanto quanto no período de tempo (2, 3 anos) em que decorre o processo de selecção e revisão, até saírem em livro. Se vencerem esse teste do tempo, autorizo-me a acreditar neles. Caso contrário, elimino-os. Desconheço se isso é suficiente para a poesia deixar marca mas se em cada um deles tentar “make it new”, como defendia Pound, já será um bom princípio…"

 

Ler a entrevista completa aqui.

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