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Quetzal

Na companhia dos livros. O blog da Quetzal Editores.

«Uma pessoa não existe apenas por ter um corpo. Precisa de ter uma vida social. Precisa da palavra, da alma. Precisamos de testemunhos, dos outros. Por isso Kokoschka fez com que a criada fizesse circular rumores sobre a boneca. Histórias: como se ela existisse, como se tivesse uma existência semelhante à nossa.» De A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz. E a propósito disso, um videoclip de Richard Hawley:

 

«Depois do prazer de possuir livros, não há outro que seja mais doce do que falar deles.» Ricardo Duarte cita Charles Nodier que foi citado por Jacques Bonnet, para começar a sua crónica «Par ou Ímpar» na mais recente edição do Jornal de Letras, Arte e e Ideias. O texto é sobre Bibliotecas Cheias de Fantasmas, o livrinho de Bonnet traduzido por José Mário Silva que está aí nas livrarias, à espera de leitores. Uma pequena pérola para leitores, que vão rever-se nas descrições sobre a necessidade de partilha, sobre as dificuldades de arrumação e outros detalhes sobre este delicioso vício. «Um livrinho que acompanhará os leitores felizes como um espelho de bolso», assim o descreve Sara Figueiredo Costa, na crítica publicada na Time Out desta semana.

 

Tudo sobre o que importa saber sobre Edelmira Thompson de Mendiluce, personagem criada por Roberto Bolaño, no novo livro que está quase a chegarlivrarias. A Literatura Nazi nas Américas, em pré-publicação no Bibliotecário de Babel, é uma colecção de biografias inventadas escritores no continente americano. Não se admirem se não reconhecerem algum nome, é bem provável que seja o de alguém que nunca existiu fora da criação literária.

 

Depois das longas horas de pesquisa na internet e hemeroteca para encontrar as frases mais 30  Anos de Mau Futebol, João Pombeiro dedicou-se a coleccionar listas. A lista dos 15 vinhos com notas entre o pão torrado e o tijolo molhado, a lista dos 7 livros para deixar a bebida sem recorrer aos alcoólicos anónimos, a lista dos 25 lugares portugueses com nomes danados para o pecado, e muitas outras. Um livro com os altos contributos de Filipe Nunes Vicente, João Miguel Tavares,  João Tordo, Jorge Reis-Sá, José Rentes de Carvalho, Onésimo Teotónio de Almeida, Paulo Moreiras, Pedro Marques Lopes, Pedro Vieira e Salvato Telles de Menezes.

 

O Livro das Listas, de João Pombeiro | série textos breves.

 

Nas livrarias a 22 de Outubro.

«Luz Mendiluce foi uma menina maravilhosa e sadia, uma adolescente gorda e pensativa e uma mulher alcoólica e infeliz. Além disso foi, de todos os escritores da sua família, quem teve mais talento. A famosa fotografia de Hitler com a menina de poucos meses ao colo acompanhou-a toda a sua vida. Emoldurada num rico trabalho de prata lavrada, presidia ao salão da sua casa juntamente com vários retratos de pintores argentinos onde ela aparecia, menina ou adolescente, geralmente acompanhada da mãe.»

 

A Literatura Nazi nas Américas, de Roberto Bolaño.

 

A Literatura Nazi nas Américas é uma enciclopédia ficcional composta de pequenas biografias de autores pan-americanos imaginários. Estes personagens literários são retratados no interior de uma galeria de medíocres alienados, homens solitários e abandonados pela História, nascisistas, leitores e autores talentosos, criminosos, mas também snobes com sonhos de grandeza e capazes de gestos que os distinguem da banalidade do mal. E, a verdade, ainda que inventados, estes escritores são personagens de histórias, essas sim reais, de grandes nomes da literatura das Américas.

 

Um livro que antecipa, na época, o enorme talento do autor de 2666.

 

A Literatura Nazi nas Américas, de Roberto Bolaño | tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra

série américas | Roberto Bolaño.

 


Nas Livrarias a 22 de Outubro.

 

 

 

É este fim-de-semana, o encontro organizado pela Associação Cultural Amigos do Concelho de Avis. Vai haver encontros nas escolas, lançamentos de livros e música. António Manuel Venda, autor de, entre outros, O Sorriso Enigmático Javali, o livro que conta as aventuras do pequeno Tukie pelos montados do Alentejo, participa na quarta mesa, às 17h00 do dia 16 de Outubro, sábado.

«No fundo, os autores não passam de personagens fictícias, com alguns elementos biográficos, sim, mas que nunca são suficientes para fazer deles verdadeiros seres reais. Enquanto isso, a biografia de uma personagem literária, mesmo se incompleta - e confessando-se incompleta - revela-se absolutamente fiável: ela é apenas o que o seu criador decidiu que ela fosse. O mesmo acontece com os seus actos e as suas palavras. Aliás, referimo-nos facilmente às suas biografias depois de as termos lido (ou nem isso) e citamo-las como autênticas . Já no caso das personagens históricas, e entre elas os escritores, as frases de efeito e as anedotas acabam por ser, quando as analisamos mais de perto, ou apócrifas ou nascidas da lenda.

 

Quanto ao que acontece às personagens fictícias e às personagens reais, elas são farinha do mesmo saco. As duas categorias amam, enganam, asassinam, culpam, roubam, fogem, traem, deliram, sacrificam-se, são cobardes, afundam-se na loucura, vingam-se ou acabam por suicidar-se, mas, mais uma vez, mesmo neste actos específicos, as personagens inventadas são mais reais. Temos a certeza de que Carlos e Maria Eduarda, os amantes de Os Maias, de Eça de Queirós, viveram  - sem que pelo menos um deles ignorasse completamente o que fazia - um amor incestuoso; mas não sabemos seguramente o que se passou entre Byron e Augusta (...).»

 

Excerto de Bibliotecas Cheias de Fantasmas, de Jacques Bonnet, traduzido por José Mário Silva.

 

«A 1 de Setembro de 1932, o jornal O Século publica um anúncio para o preenchimento do lugar de conservador-bibliotecário no Museu Condes de Castro Guimarães, em Cascais, a 30 quilómetros de Lisboa. A 16 de Setembro, Fernando Pessoa envia a sua carta de candidatura, um documento de seis páginas que está reproduzido em Fernando Pessoa - uma fotobiografia, de Maria José de Lencastre, obra coeditada e, 1981 pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda e pelo Centro de Estudos Pessoanos, adquirida por mim numa livraria de Coimbra, em Novembro de 1983, ao preço de 500 escudos. Quando a comprei, já só havia um exemplar. Nos cafés da cidade as mesas ainda tinham, por baixo do tampo, uma prateleira onde se podia pousar o chapéu, e lembro-me de uma mulher a caminhar pela rua com uma máquina de costura equilibrada sobre a cabeça.»

 

Assim começa Bibliotecas Cheias de Fantasmas, de Jacques Bonnet, traduzido por José Mário Silva. Já nas livrarias.

 

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